O deputado estadual Tadeu Martins Leite (MDB) será candidato único à presidência da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O núcleo de articulação política do governador Romeu Zema (Novo) e parlamentares aliados ao Poder Executivo estadual buscaram construir uma chapa própria, mas, nesta terça-feira (24/1), houve a decisão por apoiar a empreitada de Tadeuzinho - como o emedebista é chamado pelos colegas.

Além de Tadeuzinho, o líder de Zema na Assembleia, Roberto Andrade (Patriota), também tentou emplacar uma candidatura. Nesta semana, porém, Andrade desistiu do pleito e passou a trabalhar por outras alternativas, como uma costura que buscava fortalecer a eventual participação de Duarte Bechir (PSD) no pleito. O movimento, contudo, não prosperou.

Durante a tarde, interlocutores do governo ouvidos pelo Estado de Minas já falavam, sob reservas, que a unificação seria a melhor opção. Em declaração enviada à imprensa, Zema também defendeu a solução - embora não tenha citado explicitamente o deputado do MDB.

"A eleição da mesa é um tema interno da Assembleia, mas tenho certeza de que a unificação dos deputados ao redor de uma candidatura única seria a melhor (escolha) para os mineiros", disse.

Tadeuzinho

Segundo soube a reportagem, o aval do governo a Tadeuzinho foi dado após uma reunião entre o candidato à presidência da ALMG e representantes do Palácio Tiradentes.

A informação sobre a candidatura única de Tadeuzinho foi confirmada publicamente por Agostinho Patrus (PSD), atual presidente da Assembleia e aliado do emedebista.

"A luta contra a liberdade é inglória. Quem experimenta o delicioso sabor da independência não agrada mais do fel da subordinação. O gosto está na boca dos parlamentares. Parabéns, Tadeu. Sucesso!", escreveu no Twitter.

A fala de Agostinho vai ao encontro de um dos temores dos deputados contrários à candidatura de Roberto Andrade. Havia preocupação sobre a proximidade dele com o Executivo e o secretário de Estado de Governo, Igor Eto. Para parte dos parlamentares, isso poderia comprometer a autonomia do Legislativo.

O governo, por sua vez, tentou construir uma candidatura por causa, justamente, de Agostinho. O atual presidente da Assembleia e Zema colecionaram embates públicos ao longo do primeiro mandato do político do Novo. Projetos tidos como importantes para o Executivo, como a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), visto como solução para refinanciar a dívida de quase R$ 150 bilhões que Minas contraiu junto à União, não avançaram.

Quarenta e cinco votos

Mesmo antes da conversa a respeito da candidatura única, apoiadores de Tadeuzinho calculavam que ele teria os votos de ao menos 45 dos 76 parlamentares aptos a votar em 1° de fevereiro. Entre os deputados que endossam a chapa a ser montada por ele, estão os 20 integrantes da coalizão à esquerda, formada por PT, PCdoB, PV, Psol e Rede Sustentabilidade. Os partidos vão formar um bloco de oposição a Zema.

O Poder Legislativo precisa de ter a sua frente alguém comprometido com o nosso estado e com a fiscalização das ações do Executivo. Estamos muito confiantes de que este é o melhor projeto para o Parlamento Mineiro", afirmou o petista Ulysses Gomes, líder da Minoria, ao explicar o apoio dado pelo grupo e esquerda a Tadeuzinho.

"Um Legislativo forte, com autonomia e capaz de cuidar do povo mineiro como ele merece. É o que defendemos e queremos para Minas Gerais", completou. O PL, embora tenha selado acordo para embarcar na base aliada a Zema, também já havia acertado apoio a Tadeuzinho.

A justificativa de autonomia do Legislativo, usada pelo PT, também baseou a decisão do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Na visão de um parlamentar ouvido pela reportagem, o fato de PT e PL terem dado apoio ao mesmo candidato ilustra que a eleição para a Mesa Diretora da Assembleia não trata de questões ideológicas, mas sim da boa interlocução de Tadeuzinho com as diferentes alas da Assembleia. 

Embora seja ligado a Agostinho, o parlamentar tem bom trânsito junto a deputados que caminham com Zema. Mesmo no PSD, que tentou cacifar Bechir, o emedebista teria votos, garantem aliados.

A candidatura única é uma tradição informal da Assembleia de Minas. Como mostrou o EM no fim do ano passado, ao menos neste século, nenhum eleito para comandar os trabalhos legislativos precisou enfrentar um colega em plenário.