ELEIÇÕES 2026

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), minimizou as críticas do pastor Silas Malafaia aos governadores que se lançaram pré-candidatos para 2026 dizendo serem “representantes da direita”. Em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (8/9), o chefe do Executivo mineiro disse que o líder religioso se retratou após as falas no ato de 7 de setembro na Avenida Paulista, em São Paulo.

Zema disse acreditar que Malafaia não acompanha suas falas, e reiterou as críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que, segundo ele, praticam “perseguição política”.

“Acho que ele não estava acompanhando o que eu sempre tenho dito. E o que eu tenho sempre dito é que está havendo sim uma perseguição política no Brasil. Nós temos hoje um governo federal que está muito mais focado em perseguir seus inimigos políticos do que propriamente em ter um plano de longo prazo”, afirmou.

Em referência ao ministro Alexandre de Moraes, relator do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Primeira Turma, o governador disse que a perseguição é “nítida” e que há “aberrações jurídicas” no Supremo. “Onde um juiz que é vítima, investiga e julga. Nunca vi isso em nenhum sistema judiciário sério. Temos um Supremo que está atuando muito mais politicamente do que juridicamente”, disse ao defender a anistia aos condenados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023.

“Eu tenho dito que sou favorável à anistia, porque quando você pacífica, você passa a olhar para o futuro. Enquanto você não pacifica, você está carregando um saco de pedras. E o Brasil já anistiou assassinos, assaltantes de bancos, sequestradores, coisa muito pior. Por que não fazermos isso agora e olhamos para frente?”, questionou.

O governador ainda afirmou que as críticas de Malafaia não mudam os planos da sua pré-candidatura. Zema tem sido irredutível em falar que vai levar sua campanha até o final, pregando a união dos governadores de direita em um eventual segundo turno contra Lula. O palanque do mineiro faz parte dos planos do Partido Novo para eleger deputados federais e vencer a chamada cláusula de barreira.

“Nós temos uma safra de governadores muito boa. Esses governadores terão a votação nos seus respectivos estados muito superior se fosse um outro candidato, e terão condição, no segundo turno, de transferir boa parte desses votos que tiveram para aquele que for. Estarei até o final da campanha e estou muito confortável no meu partido”, completou.

“Imaturidade política”

Durante o ato deste domingo, Malafaia afirmou que é “imaturidade política” dos pré-candidatos se lançarem como representantes da direita enquanto o ex-presidente Bolsonaro não puder se manifestar. O pastor afirmou que apenas os filhos Carlos (PL) e Flávio Bolsonaro (PL) e a esposa Michelle Bolsonaro podem falar pelo patriarca. Ele não citou o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL=SP), que dos Estados Unidos tem demonstrado desejo em ser candidato no lugar do pai.

“Estou ouvindo uma conversa por aí... 'fulano é o candidato da direita no lugar de Bolsonaro', 'beltrano é o candidato da direita. Nem um filho de Bolsonaro, nem ninguém da direita, tem que dizer 'se Bolsonaro não for candidato, eu estou aqui'. Isso é imaturidade política”, disse Malafaia.

No momento em que o Supremo julga Bolsonaro, o campo está pulverizado em vários candidatos. Além de Zema, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), também são pré-candidatos declarados em 2026. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também apontado como um possível candidato, é o favorito para assumir o posto, mas ainda não se manifestou.

Durante o ato de domingo, Tarcísio fez um forte discurso contra o ministro Alexandre de Moraes afirmando que “ninguém aguenta mais a tirania” do magistrado. As falas do governador foram vistas como um ato claro de que ele pretende radicalizar no bolsonarismo e ser o candidato em 2026.

O paulista pressionou publicamente o presidente da Câmara, Hugo Motta, correligionário no partido Republicanos, para que paute a anistia aos condenados por tentativa de golpe. Ele também afirmou que Bolsonaro está sendo condenado “sem provas”, em um processo que seria baseado em uma “delação mentirosa”.

“O bom juiz deve ser reconhecido pelo respeito, não pelo medo. Deve ser reconhecido pela aplicação correta das leis. Se toda a trama, todo o enredo, toda a narrativa foi construída em cima de uma delação mentirosa, se não tem uma ordem, se não tem um texto, se não tem um áudio vinculando Bolsonaro ao 8 de Janeiro, não tem nada que o ligue. É tudo muito frágil, muito tênue. Como que nós vamos admitir uma condenação?”, indagou Tarcísio.