A notícia publicada por O TEMPO sobre a vinda do presidente nacional do PT, Edinho Silva, a Belo Horizonte nesta quinta-feira (6/11), para conversar com o pré-candidato ao governo de Minas pelo PDT, Alexandre Kalil, sobre uma eventual aliança entre as duas siglas, provocou desconforto entre dirigentes do PT mineiro. Conforme apurado pela reportagem, integrantes da alta direção estadual, entre eles o ex-presidente do PT-MG, deputado estadual Cristiano Silveira, que deixou o comando do partido em setembro, mas segue na Executiva, receberam a informação com surpresa. Na quinta, o PDT terá um ato político com Kalil.  

Uma das agendas de Edinho envolve, inclusive, a nova presidente estadual da legenda, deputada Leninha (PT), que não avisou aos membros estaduais sobre a vinda do principal quadro nacional do partido à capital mineira. Após a divulgação da notícia, a movimentação no grupo da Executiva estadual foi intensa. Dirigentes relataram surpresa com a possibilidade de uma visita do presidente nacional que, até o momento, não foi oficializada pela assessoria dele. A organização do ato político de Kalil, no entanto, afirmou à reportagem que Edinho já confirmou presença no evento. 

A O TEMPO, Cristiano Silveira destacou que as decisões sobre as eleições em Minas no ano que vem precisam passar pela Executiva estadual. “Conversar faz parte da política. Nenhuma decisão sobre a tática em Minas será tomada sem que a direção local seja ouvida. Aliança que não concordarmos podem até levar a legenda, mas não levam a militância”, afirmou. Diante da repercussão interna, Leninha disse a membros da Executiva que divulgará uma nota de esclarecimento ao partido. 

Segundo apuração de O TEMPO, o encontro teria sido articulado pela prefeita de Contagem, Marília Campos (PT), após uma reunião em Brasília com a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, no dia 29 de outubro. Na ocasião, Gleisi convidou Marília para ser candidata ao governo de Minas em 2026, proposta recusada pela prefeita, que atualmente se diz aberta para conversar apenas sobre Senado.  

Gleisi, no entanto, não teria desistido da ideia, e nos últimos dias membros do PT estariam se articulado para voltar com o nome de Marília à tona para a disputa estadual. Nesse cenário, a vaga ao Senado ficaria com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), que já tentou o cargo em 2022. Diante desse cenário, Marília teria articulado a vinda de Edinho a Minas para apresentá-lo pessoalmente a Kalil e afastar seu nome para o governo, deixando o caminho livre para tentar ser senadora.  

O presidente nacional e a prefeita mantêm boa interlocução. Ela o apoiou na disputa pela direção nacional do partido. Em abril deste ano, Edinho esteve em Contagem a convite de Marília para lançar sua candidatura à presidência do PT. 

Já a assessoria de Kalil não comentou sobre o encontro. O ex-prefeito de BH já disse em entrevista a O TEMPO que não quer ser o candidato da direita ou da esquerda, embora não tenha fechado totalmente as portas para o PT. Ele teria apresentado, agora, condições mais duras para eventual aliança. O partido o apoiou na disputa ao governo de Minas em 2022, quando foi derrotado por Zema no primeiro turno.