Brasil247 – Em entrevista ao jornalista Igor Gielow, o general Villas Boas, chefe das Forças Armadas, falou pela primeira vez sobre sua manifestação na véspera do dia em que o Supremo Tribunal Federal manteve a prisão em segunda instância e selou o destino do ex-presidente Lula, preso há sete meses por um processo amplamente questionado por juristas do Brasil e do mundo.
"Eu reconheço que houve um episódio em que nós estivemos realmente no limite, que foi aquele tuíte da véspera do votação no Supremo da questão do Lula. Ali, nós conscientemente trabalhamos sabendo que estávamos no limite. Mas sentimos que a coisa poderia fugir ao nosso controle se eu não me expressasse. Porque outras pessoas, militares da reserva e civis identificados conosco, estavam se pronunciando de maneira mais enfática. Me lembro, a gente soltou [o post no Twitter] 20h20, no fim do Jornal Nacional, o William Bonner leu a nossa nota", disse ele.
Sobre as críticas recebidas, ele as relativizou. "Do pessoal de sempre, mas a relação custo-benefício foi positiva. Alguns me acusaram... de os militares estarem interferindo numa área que não lhes dizia respeito. Mas aí temos a preocupação com a estabilidade, porque o agravamento da situação depois cai no nosso colo. É melhor prevenir do que remediar", afirmou.
Villas Bôas disse ainda que a eleição de Jair Bolsonaro não representa a volta dos militares ao poder. "A imagem dele como militar vem de fora. Ele é muito mais um político. Estamos tratando com muito cuidado essa interpretação de que a eleição dele representa uma volta dos militares ao poder. Absolutamente não é", afirmou.
Relembre abaixo o tweet de Villas Bôas, do dia 3 de abril deste ano (Lula foi preso no dia 7 de abril, pouco depois do julgamento do STF):