247 - Um vídeo divulgado pelo jornal O Potiguar e pelo professor Daniel Menezes, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), mostra prefeitos e políticos brasileiros que integraram uma comitiva a Israel na semana passada participando de uma palestra pró-sionista, onde foram orientados a atuar como defensores da narrativa oficial do governo israelense sobre a guerra em Gaza.

Nas imagens, o porta-voz das forças de ocupação de Israel em português, Rafael Rozenszajn, faz um apelo direto aos presentes: “Eu quero que, quando vocês voltarem para o Brasil, possam ser embaixadores, não de Israel, mas da verdade.”

A declaração foi dada diante de parte da comitiva composta por 40 políticos, incluindo prefeitos, vereadores e secretários municipais, como o prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião.

Rozenszajn ainda negou que Israel pratique apartheid e desqualificou os dados sobre o número de civis mortos em Gaza. “Vocês viram árabes, talvez muçulmanos rezando na rua. Isso não pode ser um estado de apartheid”, afirmou. Ele também sustentou que “todos os nossos alvos são militares” e que Israel criou “zonas humanitárias” no território — declarações que contrastam com denúncias de genocídio feitas por organismos internacionais.

Segundo dados das autoridades em Gaza, mais de 55 mil pessoas foram mortas em Gaza desde o início da ofensiva, com 10 mil ainda desaparecidas sob escombros. Mais de 90% da infraestrutura civil da Faixa de Gaza foi destruída, e só nas últimas 48 horas, mais de 200 palestinos foram mortos.

Segundo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado nesta quinta-feira (19) pelo secretário-geral António Guterres, 72% das crianças mortas e mutiladas no mundo foram alvo de Israel. Ainda de acordo com o relatório, houve um aumento de 25% em relação ao ano anterior e o documento registra 11.967 crianças mortas ou mutiladas em zonas de guerra, além de milhares de casos de recrutamento forçado, sequestros, violência sexual e negação de ajuda humanitária.

A viagem dos políticos brasileiros, que ficou conhecida como “trem da alegria”, foi financiada por um lobby israelense sob o pretexto de debater soluções urbanas, mas os vídeos revelam que um dos principais objetivos era mobilizar apoio político no Brasil à atuação de Israel no conflito.