SÃO PAULO

A Justiça Eleitoral cassou o mandato do vereador de São Paulo Rubinho Nunes (União Brasil) por divulgar laudo médico falso compartilhado pelo empresário Pablo Marçal (PRTB) contra o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), quando eles disputaram a prefeitura da capital paulista no ano passado. O documento atribuía a Boulos uso de cocaína e surtos psicóticos.

Segundo a decisão do juiz eleitoral Antônio Maria Patiño Zorz, a publicação feita por Rubinho antes do 1º turno das eleições de 2024 configura uso indevido dos meios de comunicação social, abuso de poder e fraude à legislação. O magistrado ainda condenou o parlamentar a 8 anos de inelegibilidade.

A decisão é de primeira instância, e Rubinho Nunes pode recorrer ainda no cargo. Em um vídeo publicado em redes sociais, o vereador classificou a decisão como a “maior injustiça que sofreu na vida”. Ele afirmou que retirou o laudo das redes em 20 minutos depois de publicar, quando começaram a surgir questionamentos sobre a veracidade.

“Não teve dolo, não fui autor da postagem. Mas a esquerda comemora essa decisão como se fosse uma grande vitória. Afinal de contas, é essa gente que quer parar o meu trabalho de combate os bailes funks, os pancadões, que combate o crime organizado e expõe as ilegalidades do Brasil”, disse.

O parlamentar ainda sugeriu que as pessoas que comemoram sua cassação lucram com a “injustiça”. “Tenho certeza que nós, juntos, podemos reverter essa decisão. O Tribunal Regional Eleitoral (TRE), em segunda instância, com certeza vai se debruçar sobre o processo e ver que não houve nenhuma infração”, emendou.

Ministério Público denuncia Marçal

Na quinta-feira (29/5), o Ministério Público Eleitoral (MPE) apresentou denúncia contra Pablo Marçal pela divulgação do laudo falso. Em novembro do ano passado, a Polícia Federal havia indiciado o empresário pelo crime de documento falso.

Na época, Marçal negou qualquer envolvimento no episódio e disse que o laudo foi postado pela equipe dele. Agora, caso a Justiça aceite a denúncia do MPE, o empresário novamente se tornará réu na esfera eleitoral.

Em fevereiro deste ano, Marçal foi condenado pelo Juiz Zorz à pena de inelegibilidade de oito anos por abuso de poder político, poder econômico, uso indevido dos meios de comunicação e captação ilícita de recursos. A decisão foi dada em uma ação movida pelo PSB, PSOL, REDE, PT, PV, PCdoB e PDT, por uma denúncia da venda do apoio de Marçal a candidatos a vereador em troca de doações para a campanha no valor de R$ 5 mil.