PALÁCIO TIRADENTES

Em meio ao desgaste entre o governo e a base na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o secretário de Governo, Gustavo Valadares (PMN), tenta estreitar os laços entre o governador Romeu Zema (Novo), o vice Mateus Simões (Novo) e os secretários e os deputados. A aposta de Valadares é um encontro, no fim da tarde da próxima terça-feira (17/9), no Palácio da Liberdade, para tentar aproximá-los.  

O atraso do governo Zema em cumprir acordos firmados com os deputados da base ainda no fim da última legislatura, como, por exemplo, indicações de emendas e de cargos em superintendências, gerências e coordenadorias regionais, tem esgarçado a relação. O incômodo, inclusive, tem refletido diretamente em votações na ALMG, onde o Palácio Tiradentes enfrenta dificuldades até para reunir o quórum mínimo de 39 parlamentares.   

Diante da iminente tramitação das propostas para pôr fim à exigência constitucional de um referendo popular antes de privatizar a Cemig e a Copasa e de adesão do Estado ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), o objetivo é aproveitar o tête-à-tête para envolver diretamente Zema e Simões nas articulações em busca de convencer deputados ainda indecisos a votar com o governo.

Enquanto a proposta de adesão ao RRF precisa de maioria simples para ser aprovada, a quebra do referendo popular para a privatização de estatais, como se trata de uma proposta de Emenda à Constituição (PEC), demanda maioria qualificada, ou seja, do voto de 48 dos 76 deputados da ALMG. Apesar de o governo ter conquistado 52 votos para aprovar a PEC para transferir o antigo Detran para a Secretaria de Planejamento e Gestão, a proposta para pôr fim ao referendo é considerada impopular.  

Além de aproximar Zema e Simões, a aposta é criar um vínculo entre o secretariado e deputados, que têm se queixado de dificuldades em ter demandas atendidas com celeridade, como, por exemplo, obras em suas bases eleitorais. A interlocutores, Valadares tem insistido que a criação de um “clima de informalidade” poderia dar maior liberdade aos 14 secretários e aos parlamentares para uma aproximação. 

Em exclusiva a O TEMPO após a assumir a secretaria, Valadares chegou a afirmar que, à época, se reuniu com os chefes de gabinete dos secretários para sugerir como o tratamento dos deputados poderia melhorar. “O deputado pediu uma audiência? Tem que ser marcada com muita presteza. O deputado fez uma solicitação? Tem que ser respondida com muita presteza. É possível negar o pedido de um parlamentar? É, mas você tem que respondê-lo com muita presteza, dizendo o porquê não está atendendo”, disse então.

Procurado, o secretário confirmou o encontro. “O governo já mudou muito e eu sou muito grato aos meus colegas secretários, que já entenderam a atenção que têm que dar aos deputados, mas ainda há espaço para melhorar, porque sempre há espaço para melhorar”, pontua Valadares. “E tanto o governador quanto o vice, sempre que solicitei, foram solícitos para conversar com os deputados e agora eles estão prontos para essas duas pautas, que são muito importantes para o governo”, acrescenta ele.