CPI DA COVID-19

O advogado e empresário Marcos Tolentino afirmou, à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, ter conhecido Jair Bolsonaro quando o presidente da República ainda era deputado federal. Segundo ele, os dois estiveram juntos em encontros "meramente casuais". 

Em relação aos filhos do presidente, Marcos Tolentino afirmou conhecer o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) de eventos políticos e sociais. Tolentino disse não conhecer Jair Renan Bolsonaro. 

O depoente também afirmou ter conhecido o deputado Ricardo Barros, líder do governo na Câmara, há muitos anos, em Curitiba.

As declarações foram dadas na manhã desta terça-feira (14). Depois de faltar alegando problemas de saúde, Tolentino compareceu, acompanhado de um médico, à sessão da CPI que investiga as ações e omissões do governo federal na pandemia da Covid-19. 

Dono da Rede Brasil de Televisão e suspeito de ser sócio oculto da empresa FIB Bank, ele é investigado por supostamente oferecer garantias à Precisa Medicamentos, intermediária na negociação de vacinas junto ao Ministério da Saúde.

Marcos Tolentino iniciou o depoimento informando que não tem qualquer participação no quadro societário da empresa FIB Bank. Segundo o empresário, ele se tornou sócio em um grupo de empresas com Edson Benetti, que já morreu. 

“Eu, Marcos Tolentino, afirmo que não possuo qualquer participação na sociedade [com a FIB Bank]. Não sou sócio da empresa como veiculado por algumas matérias”, afirmou, antes mesmo de ser indagado por qualquer integrante da CPI.

Tolentino disse que fez parte da Benetti Prestadora de Serviços, mas que se desligou do quadro societário há 12 anos. A partir daí, segundo Tolentino, por ter imóveis, ativos e precatórios em comum com algumas empresas dessa antiga sociedade, ele possui procuração que o ligaria ao atual sócio, Ricardo Benetti.

Também sem ser questionado, sobre um jantar em sua residência noticiado pela imprensa, Tolentino disse que nunca recebeu o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, nem Francisco  Maximiano, sócio-administrador da Precisa Medicamentos, para tratar de vacina ou consórcio Covaxin.

Ainda em sua apresentação, sem ser perguntado, Tolentino também negou manter relação pessoal com o presidente Jair Bolsonaro. “Conheço o presidente desde que ele era deputado federal, mas não possuo nenhuma amizade pessoal ou qualquer outro tipo de relacionamento junto ao presidente. Estive com ele em alguns encontros casuais, como no debate do marco regulatório da TV, quando ele ainda era deputado.”  

O dono da Rede Brasil de Televisão ressaltou que mantém apenas amizade com o líder do governo na Câmara, deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), que teria articulado as negociações entre a empresa e o Ministério da Saúde.

Tolentino deveria ter comparecido à CPI na primeira semana de setembro. Na ocasião, apresentou um atestado médico para justificar a ausência. Hoje, explicou que foi diagnosticado com um “severo quadro” de Covid-19 em janeiro e ainda sofre com sequelas. “Sou um sobrevivente mesmo”, frisou, após citar uma internação de quase três meses, duas paradas cardíacas e uma infecção generalizada provocadas pela doença.