Entrevista

O general da reserva Carlos Alberto Santos Cruz, ex-ministro chefe da secretaria de governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), participou de uma live com o jornalista Rhaldney Santos, nas redes sociais do Diario de Pernambuco na noite desta sexta-feira (12).

O general foi o terceiro auxiliar demitido pelo presidente Bolsonaro e o primeiro ministro militar a deixar o governo. Ele era responsável pelo programa de parceria de investimentos e pela área de comunicação. O motivo do desgaste do general com o chefe do poder executivo foram as mensagens de WhatsApp fraudadas e vazadas em maio do ano passado. Após sua saída, foi substituído pelo general de Exército Luiz Eduardo Ramos. 
 
Confira trechos da entrevista
 

CANDIDATO À PRESIDÊNCIA


Sinceramente isso aí até agora não me emocionou, eu escuto isso aí sem qualquer emoção e é uma coisa que não está hoje me chamando atenção. Não é hora de eu pensar nisso. Eu tenho nesse momento outras atividades, não é o momento de eu estar me mobilizando, me motivando para pensar nisso. Apesar de algumas pessoas fazer esse tipo de comentário, nesse momento eu realmente não tenho parado para pensar.


DEMISSÃO DO GOVERNO BOLSONARO


Eu não deixei o governo, eu fui demitido da minha função. O que não tem ilegalidade nenhuma, o presidente da República tem todo direito de substituir ministro. E eu não acredito que tenha algum governo no mundo que tenha comece e termine com a mesma equipe de ministros. Então a substituição de ministros, ela não é nada de anormal e também não tem nada de ilegal. Agora, as razões competem ao presidente explicar. Ele também não me explicou. Mas é um direito que ele tem. Então eu respeito esse direito e realmente tinha algumas diferenças de conduta, de estilo que acredito que foi bom pra nós dois. Foi bom para o governo e foi bom para mim. 
 
GESTÃO DA PANDEMIA


Infelizmente o ínicio também não foi da melhor forma. Quando você tem uma crise dessas, o Brasil teve a oportunidade de ver o que estava acontecendo em outros países porque aqui a crise chegou um pouco depois, então eu acho que o governo federal tinha todas as condições de escutar mais os governadores e fazer a proposta, de nessa hora, esquecer de partido político, esquecer de ideologia política e todo mundo navegar junto para vencer essa fase do novo coronavírus. Isso não foi feito. Depois que passasse a crise, aí todo mundo podia seguir de novo seu caminho, seu partido político, suas ideologias, seus projetos, sem problemas. Então tinha que ter uma união nacional, porque na hora de um combate como esse do coronavírus, na hora de um conflito desses, de uma guerra dessas contra uma epidemia desse porte, você tem que ouvir todo mundo. Porque tem que ter capacidade de união. Nessa hora só a união é que faz a força mesmo.

Isso aí se aprende lá quando é criança. Só a união que faz a força, mas isso aí não aconteceu. Pelo contrário. Quando o mundo inteiro está fazendo testes com vários medicamentos, procurando vacinas e etc, aqui nós politizamos até o tratamento. Houve conflito interno no próprio governo, quando o governo dava uma orientação através do ministério da saúde, mas o próprio presidente não seguia essa orientação, ele era contra a orientação, então tudo isso é para a população, traz insegurança. Agora, a gente tem que administrar aí a perda de vidas, cuidando da saúde, para tentar salvar o máximo possível de pessoas e também tem o problema econômico. Esse problema econômico, que o governo corretamente está preocupado, requer... o governo tomou algumas iniciativas né, isso aí tem que ter um plano mais detalhado para orientar o retorno das atividades, orientar com procedimentos técnicos, então o governo tem mais uma chance ainda de recuperar um pouco dessa liderança do processo.

Então eu acho que infelizmente não houve a união necessária lá no início, e essa briga de executivo com governadores, isso aí não leva a nada. A população não está preocupada com isso,a população está preocupada com seu atendimento de saúde, com o retorno as suas atividades econômicas, e ela ter confiança, ela quer ter credibilidade nas autoridades. É isso que ela quer. Então eu acho que o executivo tem que pensar muito bem as suas decisões.