A deputada Tabata Amaral (PSB) formou uma equipe para elaborar seu plano de governo para a Prefeitura de São Paulo com aliados do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), técnicos que atuaram em gestões do PSDB na capital e no Estado e integrantes e ex-integrantes do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Também integram o grupo a filha de Michel Temer (MDB) - o ex-presidente apoia a reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB) -, a mãe do apresentador de televisão Luciano Huck e a médica Ludhmila Hajjar, que recusou convite para ser ministra da Saúde no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (MDB) e agora coordenará o grupo de trabalho responsável por debater propostas para a área em São Paulo.

Aliados da pré-candidata trabalham para que o plano de governo seja um antídoto à polarização e force Nunes e Guilherme Boulos (PSOL) a debaterem propostas para a cidade em vez de buscarem nacionalizar a eleição por meio dos apoios de Bolsonaro e Lula.

Luciana Temer será coordenadora das discussões sobre Família, Desenvolvimento Social e Segurança Alimentar. Professora de Direito Constitucional na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), ela é ativista pelos direitos humanos e presidente do Instituto Liberta, que atua no combate à violência sexual contra crianças e adolescentes.

A discussão sobre desenvolvimento urbano e urbanismo social será liderada por Marta Grostein. A mãe de Huck é professora na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP). Recentemente, o apresentador disse que vai Tabata "vai ser prefeita de São Paulo, se Deus quiser".

O grupo de trabalho sobre urbanismo também tem o economista Pedro Fernando Nery, diretor de Assuntos Econômicos e Sociais no gabinete de Alckmin na Vice-Presidência da República. Outros nomes ligados ao vice-presidente que estão no governo Lula são o ex-deputado pelo PSDB Floriano Pesaro, diretor na Apex Brasil, e Carmen Silva, assessora do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. O primeiro atuará na discussão sobre a Cracolândia, enquanto a segunda ficará a cargo de propostas para a Habitação.

Também vieram do governo Lula Leany Lemos, que foi secretária nacional de Planejamento na pasta comandada por Simone Tebet (MDB), e José Francisco Manssur, ex-assessor especial de Fernando Haddad (PT) no Ministério da Fazenda. Ele deixou o cargo no início do ano em meio à discussão sobre a regulamentação das apostas esportivas, área em que é especialista.

Gustavo Ungaro, Claudia Costin, Eloisa Arruda e Andrea Calabi são ex-secretários de Alckmin na prefeitura ou no governo de São Paulo e também fazem parte da lista anunciada na quarta-feira, 1º, em evento com as presenças do vice-presidente e do ministro do Empreendedorismo, Márcio França.

São 35 grupos temáticos e mais de 100 pessoas no total, entre elas a segunda-dama Lu Alckmin e Lúcia França, esposa do ministro, e integrantes que vem do PSB, como a ex-deputada estadual Patrícia Gama e o vereador de São Paulo, Eliseu Gabriel. "Formamos um time ministerial para mudar o rumo das coisas e realizar o sonho que o filho do rico e o filho do pobre tenham as mesmas oportunidades", disse Tabata durante o evento.

O entorno da pré-candidata avalia que a equipe formada por ela deve funcionar como uma espécie de vacina para eventuais críticas de que Tabata não tem experiência em cargos do Executivo. "O plano de governo cria as margens de atuação. Preparar um bom plano e ter uma boa equipe é o primeiro sinal do sucesso de uma pré-campanha", declarou Márcio França.

A coordenadora geral do plano de governo é Vivian Satiro, que foi secretária na gestão de Bruno Covas, mas deixou a prefeitura após a morte do tucano e a ascensão de Nunes a prefeito. É o mesmo caso do ex-secretário de Relações Internacionais, Luiz Alvaro, que rompeu com o prefeito em 2021 e agora está no grupo de Tabata sobre Turismo e Economia Criativa, e de Orlando Faria, ex-secretário de Habitação no governo Covas e articulador político da campanha da deputada.

A aproximação de Tabata com nomes ligados ao PSDB é uma estratégia dela para se colocar como herdeira do eleitorado tucano na capital, ao mesmo tempo que uma aliança com o partido rebateria a tese de que a candidatura não é um voo solo.

A deputada não tem o apoio de outras legendas até o momento. Tabata articulou a saída do apresentador José Luiz Datena do PSB, seu próprio partido, e a entrada no PSDB. A ideia é que ele seja indicado como vice na chapa e sele a aliança entre as duas siglas.

Datena coleciona recuos eleitorais ao longo de sua carreira e já desistiu quatro vezes de abandonar a televisão para ser candidato. Aliados de Tabata avaliam que correr o risco do apresentador desistir pela quinta vez ou aceitar ser candidato a prefeito como quer uma ala do PSDB vale a pena porque ela precisa fazer movimentos arriscados se quiser ir para o segundo turno - a deputada aparece em terceiro lugar nas últimas pesquisas eleitorais, com cerca de 10% das intenções de voto, enquanto Nunes e Boulos estão no limiar de 30%.

 

Estadão Conteúdo