WEBINAR


O vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), participou na manhã desta quarta-feira (29) de um Webinar promovido pelo Itaú BBA investimentos. O evento, em videoconferência, ocorreu por volta das 11h da manhã e durou cerca de 40 minutos. Na ocasião, Mourão frisou a falta de condições das pessoas mais pobres de seguirem medidas de isolamento social.


“Estamos vivendo nosso pior momento, temos que destacar isso daí. Quanto ao isolamento, é muito difícil manter as pessoas dentro de suas casas. Para quem tem salário e renda é mais fácil, mas quem tem que sair todo dia para conseguir o sustento da sua família, sai… E essa turma está saindo. Temos que saber como os mais pobres estão se virando nesse momento”, afirmou o vice-presidente.


Mourão também destacou que o Brasil está vivendo o pico da pandemia de Covid-19. “No final de abril e a primeira quinzena de maio foi  a previsão para o pico da pandemia. Esse seria o pior momento e é o que está acontecendo”, disse o vice-presidente. Ele também comentou o alto número de mortos pela doença no Brasil, que na terça-feira (28) superou a China em número oficial de óbitos. “Temos um desencontro no número de mortos, um dia tem cerca de 100, outro 400, porque tem muita notificação mal feita. Pela falta de testes não sabemos a real quantidade de infectados. Tem um estudo da UFRGS que afirma que há 15 vezes mais infectados que os dados oficiais. Muitas dessas pessoas não tem sintoma”, afirmou Mourão.


O vice-presidente elogiou a atuação do ministro da Economia, Paulo Guedes, no que ele classificou como minimização dos efeitos da pandemia na economia brasileira. “O governo vem trabalhando intensamente no sentido de colocar no mesmo diapasão três curvas: a da pandemia, que tem que caber no nosso sistema de saúde, e outras duas. Uma delas é a curva do PIB Até agora foram mais de 30 medidas econômicas tomadas no sentido de que evitássemos uma queda mais drástica do PIB. Hoje nós sabemos que ele vai cair de 2% a 5%, mas temos lutado para colocar essa queda dentro do limite do aceitável. Outra curva que temos de ter atenção é a do desemprego. Tomamos medidas para minimizar a perda de empregos e o impacto das empresas, para que após a pandemia haja o momento da retomada”, destacou Mourão.


“Criamos linhas de crédito para atender essa demanda de agora. Nosso parâmetro é diferente de vários outros países. Nos Estados Unidos, por exemplo, eles estão demorando para enviar o tal cheque para as pessoas terem como se sustentar nesse momento. A Caixa Econômica Federal, da noite para o dia, colocou 40 milhões de pessoas dentro do sistema bancário. É um grande feito da nossa tecnologia”, disse o vice-presidente.


Ainda sobre medidas econômicas, Mourão afirmou que houve “ruído” com a apresentação do Plano Pró-Brasil pelo ministro-chefe da Casa Civil, general Braga Netto. Ele também ressaltou que o Brasil deve ter uma recuperação econômica irregular. “Houve um certo ruído quando o ministro Braga Netto projetou uma intenção de crescimento, de projeto, que é o Pró-Brasil. Eu vejo que nós vamos ter uma recuperação não-linear. Alguns setores estão mais preparados. Um exemplo são as indústrias que entraram na era da economia do conhecimento.

Elas vão se recuperar mais rápido. Outros setores, que resistiram em se modernizar, vão demorar mais a ter uma recuperação. O setor do agronegócio, também, está trabalhando normalmente, avançando normalmente, e vai progredir de forma normal. A questão da infraestrutura… Poderá ser necessário um pequeno empurrão, dentro dos limites da capacidade do governo, para gerar uma atividade econômica maior. Este setor emprega mais e as pessoas que tiverem nessa atividade terão sua renda. Isso para voltarmos ao patamar que estávamos do começo do ano”, avaliou Mourão.


O vice, contudo, declarou que o Estado brasileiro tem dificuldade de investir em infraestrutura, por conta de desequilíbrio nas contas públicas. “A questão da infraestrutura é um dos nossos calcanhares de aquiles, pelo tamanho do nosso país, pelas características do nosso território. Temos 60 % da nossa terra como amazônia, com características diversas do resto do mundo. O baixo investimento que tivemos em infraestrutura nos últimos 40 anos é por conta do setor público, que se exauriu e não consegue investir. Não há mais como arrecadar para investir na nesse setor. Temos que atrair, seja por concessões, seja privatizações, investimentos do setor privado. Temos que ter projetos que atendem o planejamento estratégico. Temos que dar estabilidade jurídica e um bom ambiente de negócios para atingir os nosso objetivos”, justificou Hamilton Mourão.