O governo de São Paulo está enfrentando questionamentos após ser revelado que adquiriu uma ferramenta israelense que também foi usada pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar indivíduos ligados à oposição ao governo de Jair Bolsonaro, bem como jornalistas, políticos e membros do Judiciário, segundo informa a jornalista Bela Megale, no Globo. A Polícia Federal, que investiga o uso irregular do software "First Mile" pela Abin, identificou o governo paulista como um dos clientes que adquiriram essa ferramenta, que possibilita o rastreamento da localização de pessoas por meio da rede de telefonia celular.

A assessoria de imprensa do governador Tarcísio de Freitas confirmou a aquisição da ferramenta, mas esclareceu que a transação ocorreu durante a gestão de João Doria, em novembro de 2021, por intermédio da Secretaria de Segurança Pública. Além disso, a negociação para a aquisição do First Mile pela Polícia Militar se concretizou no primeiro semestre de 2023, embora tenha sido iniciada em 2022, ainda durante a gestão anterior.

Quando confrontado com questionamentos sobre a finalidade da ferramenta e sua utilização, João Doria, ex-governador de São Paulo, confirmou que a informação procede, mas se esquivou de fornecer detalhes específicos sobre as situações em que o software foi empregado e os motivos por trás de sua contratação, insistindo que a decisão foi tomada pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.

O ex-governador sugeriu que os questionamentos fossem direcionados ao coronel Álvaro Camilo, que estava à frente da Secretaria da Polícia Militar durante sua gestão. No entanto, o coronel afirmou não ter conhecimento de nenhuma discussão relacionada à aquisição desse sistema de monitoramento. As recentes revelações lançam luz sobre o uso da ferramenta por parte do governo paulista e levantam questionamentos sobre os motivos subjacentes à sua aquisição, enquanto a população e as autoridades aguardam esclarecimentos adicionais.