A "Operação Última Milha", desencadeada pela Polícia Federal (PF) na última sexta-feira, visa investigar um suposto esquema de espionagem na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Nesse contexto, o ex-diretor da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) emerge como figura central no escândalo, onde políticos, jornalistas, advogados, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e opositores do governo de Bolsonaro teriam sido monitorados de forma indevida, segundo reportagem de Rayanderson Guerra, no Estado de S. Paulo.

Ramagem, um fiel aliado do clã Bolsonaro, liderou a Abin durante o período em que servidores agora detidos teriam utilizado recursos estatais para rastrear alvos da espionagem, entre julho de 2019 e abril de 2022. Na operação desta sexta-feira, a PF prendeu dois servidores da Abin, Rodrigo Colli e Eduardo Arthur Yzycky, que teriam utilizado o sistema de geolocalização de celulares do órgão para fins não autorizados. As ordens de prisão e afastamento foram emitidas pelo ministro Alexandre de Moraes, e a sede da Abin também foi alvo de buscas.

Sob crescente pressão devido à operação, Ramagem alega que as investigações foram possíveis devido a medidas de austeridade implementadas durante a gestão de Bolsonaro. Ele afirma que a ferramenta de monitoramento, denominada FirstMile, foi adquirida em 2018, antes do governo Bolsonaro, e que, ao assumir a gestão da Abin, tomou medidas para investigar sua utilização. Os fatos investigados envolvem crimes de invasão de dispositivos informáticos, organização criminosa e interceptação de comunicações sem autorização judicial. O caso lança luz sobre alegações de abuso de poder e espionagem ilegal durante a administração de Jair Bolsonaro, provocando um intenso debate político no Brasil.