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Pela Lei 179/19, que definiu a autonomia do Banco Central, o presidente da instituição pode ser exonerado quando apresentar "comprovado e recorrente desempenho insuficiente para o alcance dos objetivos do Banco Central do Brasil". Seria o caso de Campos Neto.
A possibilidade legal existe, e Lula tem escalado o confronto com o BC ao fazer duras e recorrentes críticas públicas ao presidente do banco –que considera um bolsonarista tentando levar o país à recessão. Mas o próprio governo sabe que precisaria mover montanhas para que o afastamento, mesmo dentro da lei, fosse efetivado.
Em primeiro lugar, o custo de um movimento desses seria alto, com impactos no valor do dólar, na bolsa e nos ativos brasileiros cotados no exterior. O mercado financeiro resistiria fortemente.
Além disso, a exoneração teria que ser aprovada por maioria absoluta pelo Senado Federal. O governo, que precisa aprovar reformas como a tributária, teria que gastar enorme energia política para se livrar do presidente do BC. O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), já afirmou que Lula "não pretende desrespeitar o mandato, nem a autonomia do Banco Central".
Em 2021, a meta definida pelo Conselho Monetário Nacional era de 3,75%, podendo chegar a no máximo 5,25%. Mas ela foi de 10,06%.
Campos Neto teve que divulgar uma carta aberta para se explicar. Entre outras coisas, ele disse que a inflação de dois dígitos era culpa de um fenômeno global, e citou também o risco fiscal e a crise hídrica.
Em 2022, a meta voltou a estourar. Ela era de 3,5%, podendo chegar a 5%. Mas a inflação chegou a 5,79%.
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