O relaxamento das medidas de isolamento está cada vez mais visível. Foi preciso um prefeito turrão como Alexandre Kalil pra botar ordem não só em Belo Horizonte – onde começou a multar e fechar estabelecimentos que desrespeitavam a quarentena – como também em outras cidades ao redor da capital.

Municípios como Lagoa Santa, na região metropolitana, além de Sete Lagoas e Matozinhos, no norte da capital, resolveram afrouxar as restrições, inclusive com a abertura do comércio. Sete Lagoas voltou atrás, mas Lagoa Santa segue a “festança”, como disse Kalil. “Pessoas que estão lá se abraçando, com o comércio aberto, tomando cerveja em bar, enquanto a população de Belo Horizonte está confinada, nos aglomerados, vilas, serras”, disse o prefeito, antes de proibir que os ônibus da cidade vizinha entrem na capital.

Kalil, assim como os governadores João Dória e Wilson Witzel, investe no que acha correto e obedece às orientações internacionais de combate à pandemia. O prefeito de Lagoa Santa, por sua vez, acredita que o isolamento vertical é a melhor solução e fez de sua cidade um laboratório das ideias do presidente Bolsonaro.

Nenhum deles quer ter milhares de mortes em seu currículo. E nem podem, já que todos têm ambições políticas presentes e futuras. O problema é cada um fazer o que lhe dá na telha. Na mesma região, a menos de 50 quilômetros uma da outra, temos cidades com visões diferentes sobre uma questão concreta de saúde que é o controle da pandemia.

Para qualquer lado que se olhe, faltam articulação e coordenação. No Palácio do Planalto, o presidente não se entende com seu ministro da saúde. E aqui em Minas, o governador Zema, fragilizado, não inspira a confiança que uma ação efetiva precisa. Essa bateção de cabeças dos nossos governantes não ajuda em nada o combate ao coronavírus. Pelo contrário.