O prefeito de Belo Horizonte Fuad Noman (PSD) voltou a criticar a Câmara Municipal de BH por não aprovar projetos de autoria do Executivo, que garantiriam recursos para obras contra as enchentes. Ele tocou no assunto na manhã desta quarta-feira (24), durante coletiva que repercutiu os danos da combinação entre as fortes chuvas e a falta de estrutura da cidade.

O prefeito disse que não gostaria de comentar sobre o assunto, mas que iria aproveitar a pergunta feita pela impresa para criticar o Legislativo. “Nós perdemos o empréstimo de R$ 900 milhões da obra lá da (bacia do) Isidoro (localizada em Venda Nova), porque a Câmara não aprovou. Eu encaminhei três projetos de pedidos de empréstimos em julho do ano passado. O presidente da Câmara (Gabriel Azevedo, sem partido) sequer deu número de acolhimento”, disse. 

Na sequência, Fuad disse como usaria os recursos não aprovados pela Câmara. “Claramente, esses empréstimos seriam, e ainda serão, necessários pra gente fazer novas obras. As obras atuais não pararam, porque só começamos depois que o empréstimo estava contratado. Agora, tem mais coisa pra fazer na cidade. Nós estamos vendo aí hoje. De fato, se a Câmara não der sequência a esses projetos, nós vamos ter isso prejudicado”, completou.

Gabriel contra-ataca

Em nota, o presidente da Câmara, vereador Gabriel, afirmou que os empréstimos citados pelo prefeito não atenderam as intervenções na região mais atingida pela chuva dessa terça-feira. “Nenhum desses empréstimos envolve as regiões mais afetadas dessa vez, como a Centro-sul. O prefeito, obcecado com a reeleição e esquecendo de governar, só sabe pedir dinheiro e, evidentemente, nem lembra pra que serve cada empréstimo, o que demonstra claramente que a intenção é liberar recursos públicos, sem controle”, disse. 

“O Santa Lúcia, por exemplo, onde vimos imagens de carros sendo levados, já tem uma barragem de contenção. Custaria à prefeitura apenas o esforço de fazer o seu trabalho e esvaziá-la previamente para receber a água das chuvas, como foi feito em anos anteriores. A incapacidade da prefeitura de fazer o mínimo na estrutura que já existe diz muito sobre os riscos de endividar a cidade para fazer algo novo”, completou Gabriel.

Projeto não votado

Em 24 de outubro do ano passado, Fuad solicitou a retirada de tramitação do projeto que solicitava o empréstimo de R$ 840 milhões para obras de drenagem e prevenção de enchentes na Avenida Vilarinho, na região de Venda Nova, e na ocupação Isidoro, na região Norte de BH.

Em ofício enviado à Câmara, Fuad argumenta que "passados 11 meses do envio da proposta", foi vencida "a data limite imposta pelos órgãos federais". Aprovado em 1° turno em março, o PL aguardava ser votado em 2° turno na Câmara Municipal. 

A proposta chegou a ser votada na Câmara  em 2021, mas não houve aprovação por um único voto. À época, o ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD) teve 27 votos e teceu duras críticas aos vereadores pela não aprovação do projeto.

Na época, os vereadores alegaram que faltou diálogo à administração de Kalil para aprovar o empréstimo. Também criticaram a falta de um projeto claro sobre o que seria feito com o dinheiro. 

Relembre, abaixo, a lista de vereadores que votaram contra o empréstimo para as obras em Venda Nova:

Bráulio Lara (Novo)
Ciro Pereira (PRD)
Fernanda Pereira Altoé (Novo)
Flávia Borja (Avante)
José Ferreira (PP)
Marcela Trópia (Novo)
Nikolas Ferreira (à época no PRTB, hoje deputado federal pelo PL)
Professor Juliano Lopes (Agir)
Professora Marli (PP) 
Rubão (PP)
Wesley Autoescola (à época no Pros, hoje no PP)
Wilsinho da Tabu (PP)