CASA BAGUNÇADA

Após deixar Israel na quarta-feira (18) e com previsão de chegar em breve a Uberlândia, o vice-prefeito Vanderlei Pelizer (PL) retorna à cidade sob a pressão de um pedido de cassação de mandato. Nesta semana, o vereador Dr. Igino (PT) protocolou um pedido de impeachment após Pelizer, junto a outros cinco gestores, optar por não deixar Israel por via terrestre rumo à Jordânia na segunda-feira (16), como fizeram outras autoridades, como o prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União Brasil). Durante sua estadia, Vanderlei Pelizer (PL) fez uma série de publicações a favor de Israel.

A decisão deixou o município sem prefeito e sem vice-prefeito, já que o titular, Paulo Sérgio Ferreira, foi para o Japão na terça-feira (17) para participar de uma exposição, em viagem organizada pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). A expectativa é que o pedido de abertura do processo seja incluído na próxima sessão ordinária da Câmara Municipal.

O pedido foi protocolado na terça-feira pelo vereador Dr. Igino (PT). No documento, ele destaca que tanto o prefeito quanto o vice-prefeito estão fora do país e argumenta que Pelizer poderia estar voltando ao Brasil caso tivesse aceitado sair de Israel no começo da semana: “o vice-prefeito Vanderlei Pelizer, mesmo diante da ausência do prefeito, optou por permanecer em Israel, recusando-se a retornar ao Brasil para assumir suas responsabilidades”, afirma o texto. 

À época, a assessoria de Pelizer justificou a decisão alegando risco elevado no trajeto por terra, sem garantias de segurança. “A decisão foi tomada com base na recomendação direta das autoridades israelenses, que orientaram que a permanência em Kfar Saba - cidade que dispõe de abrigos e estrutura de segurança - representa, neste momento, a alternativa mais segura diante do cenário de tensão causado pelos recentes ataques entre Israel e Irã”, afirmou em nota. 

No pedido de cassação, o vereador ressaltou ainda que o político foi a Israel mesmo com o governo federal não recomendando viagens ao país no momento. “O vice-prefeito decidiu manter a viagem mesmo havendo alerta formal do Ministério das Relações Exteriores para se evitar viagens à região, em especial a Israel”. 

O parlamentar também questionou o financiamento da viagem. “A situação é agravada pelo fato de que a viagem do vice-prefeito a Israel ocorreu a convite da Embaixada de Israel e de empresas daquele país”. E completou: “tal circustância levanta sérias preocupação quanto a moralidade administrativa e a potencial configuração de conflito de interesses, uma vez que o recebimento de vantagens, mesmo que sob a forma de 'ressarcimento de despesas', de entidades estrangeiras (sejam elas estatais ou privadas), pode comprometer a imparcialidade e a probidade exigidas de um agente público”, argumenta. 

Pela Lei Orgânica de Uberlândia, o prefeito só é obrigado a nomear um substituto temporário caso permaneça fora do país por mais de 15 dias - prazo que não seria atingido nem em viagens a Israel ou ao Japão. Ainda assim, o vereador argumenta que a ausência simultânea dos dois principais representantes do Executivo municipal causa “prejuízo ao interesse público e à continuidade de serviços essenciais”. 

A expectativa é que o pedido de abertura do processo seja incluído na próxima sessão ordinária da Câmara Municipal, prevista para o primeiro dia útil de julho, já que as reuniões ordinárias ocorrem apenas nos primeiros 15 dias de cada mês. Para que o pedido seja aceito, é necessária maioria simples entre os vereadores presentes. Caso aprovado, o processo pode abrir caminho para investigação da viagem do vice-prefeito, com pedido de esclarecimentos sobre motivos, financiadores e demais detalhes. 

O pedido gerou reação do deputado estadual Caporezzo (PL). Em um vídeo publicado em seu perfil no Instagram, o parlamentar argumenta que o correligionário foi a Israel para "atrair investimentos para Uberlândia". "A guerra começou com o Irã e ele ficou preso agora", disse.