PREFEITO E VEREADOR

Apesar de ainda faltarem mais de quatro meses para o registro oficial das candidaturas a prefeito e vereador em todos os municípios do Brasil, a movimentação dos partidos em Belo Horizonte é grande. As convenções partidárias, que serão realizadas entre os dias 20 de julho e 5 de agosto, vão definir coligações e escolher candidatas e candidatos. Definidos os nomes, os partidos têm até 15 de agosto para registrar as candidaturas na Justiça Eleitoral.

Parece muito tempo, mas não é. Quanto antes os partidos definirem os nomes que vão compor as chapas, melhor para o trabalho e mobilização das legendas, para a arrecadação de fundos e para a preparação da campanha.

E, nesse período que antecede as definições, várias siglas estão sendo cobiçadas na montagem de alianças e ainda não estabeleceram como vão se comportar nas eleições de Belo Horizonte, se terão candidatos próprios e, em caso de não ter, quem vão apoiar. A disputa por apoio é intensa e acirrada entre os pré-candidatos já escolhidos.

Mesmo nesses casos, os dirigentes dos partidos não confirmam se não vai haver mudanças até as datas-limite do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Este é o caso do PSB, que tem o ex-vice-governador de Minas Paulo Brant como pré-candidato a prefeito de Belo Horizonte. O presidente estadual da legenda, o deputado estadual Noraldino Júnior, entretanto, admite que o jogo pode virar até agosto.

“Temos o nosso pré-candidato, que é o Paulo Brant. Estamos abertos a conversas, para buscar e ampliar as alianças em torno do nosso candidato. É um cenário muito incerto ainda, em Belo Horizonte. O PSB tem candidato próprio. Eventualmente, estamos abertos para ouvir os outros partidos. É um momento em que todos os partidos conversam. Paulo Brant está buscando fortalecer seu nome e buscando alianças. Tomamos a decisão de lançar candidatura própria e buscar alianças. Mas é lógico que estamos abertos a conversas”.

Estreante

Conversas são um tema presente nas respostas de todos os líderes partidários ouvidos pela reportagem. O deputado federal Fred Costa, que é um dos principais nomes do PRD, partido mais novo do Brasil, que surgiu da fusão do Patriota com o PTB, também adota o discurso. Ele conta que o PRD tem recebido convites para compor a chapa majoritária e apresentar nome de candidato a vice-prefeito.

“Vários pré-candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte têm nos procurado. Nós estamos em tratativas vendo qual é a melhor opção que nós entendemos para a cidade e também não deixamos de cogitar a possibilidade de candidatura própria. Enfim, neste momento o quadro está indefinido com relação a qual será a postura do PRD aqui, em Belo Horizonte. Alguns partidos, inclusive, nos procuram com o convite para que possamos indicar o candidato a vice-prefeito”, explicou o deputado.

Coligações só podem acontecer em eleição majoritária

O advogado especialista em direito eleitoral e analista político Luís Gustavo Riani explica as regras para as eleições municipais e o motivo de os partidos estarem em intensa movimentação para organizar coligações para as chapas de prefeito e vice, mas não falarem sobre coligações nas chapas de vereadores.

“É bom esclarecer que as coligações hoje são proibidas em nível proporcional (para os cargos nos Legislativos). Elas só podem ser feitas nas eleições majoritárias, ou seja, neste ano, nas eleições para prefeitos e vice-prefeitos. Nesse tipo de eleição, podem ser feitas as coligações entre partidos. Nas eleições proporcionais, cada legenda pode lançar o número de cadeiras da Câmara mais uma vaga”, afirmou o especialista. “Lembrando ainda que, dentro desse número de candidatos que cada partido pode lançar na eleição proporcional, a gente tem que separar 30% das vagas para as mulheres”, completou Riani.

Divisões

O analista político também traçou um breve panorama do que o eleitor belo-horizontino vai encontrar durante a campanha: polarização e lados rachados entre si.

“Agora, no que diz respeito às composições, a gente vê que a coisa está muito clara em Belo Horizonte. Uma eleição que vai ser totalmente polarizada, com a esquerda e com a direita, o candidato do Lula e o candidato do Bolsonaro. Creio que a esquerda ainda vai entrar para o primeiro turno um pouco rachada, mas, indo para o segundo turno, ela vai vir toda unida, e o segundo turno será muito mais polarizado nesse sentido. E, assim, a gente vê que está nítido que os dois campos ideológicos estão um pouco rachados. Eu creio que a esquerda está mais do que a direita”, disse o advogado. 

Tempo de TV é trunfo em acordos

O presidente do União Brasil em Belo Horizonte, o vereador Álvaro Damião, disse que tem sido procurado por vários partidos que querem a sigla na composição de chapas para a disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte nas eleições deste ano. Ele afirmou que, neste momento, uma candidatura própria não está sendo ventilada pela legenda.

“Candidato próprio (à PBH) não está nos planos (do União Brasil), mas não se pode descartar. Pelo tamanho e condições do União Brasil, incluindo tempo de TV, é normal que seja um dos partidos mais cobiçados para alianças. O momento é de ouvir as propostas e escolhermos o que é melhor para o partido”, afirmou Álvaro Damião.

Euclydes Pettersen, deputado federal e presidente estadual do Republicanos, afirma que o partido planeja lançar candidatura própria na capital mineira, mas que também há chances de negociação para compor a chapa como vice de um candidato de outro partido.

“Na verdade, estamos buscando o melhor nome em Belo Horizonte e composição de coligação para termos a possibilidade de lançar um candidato que tenha chance eleitoralmente falando e também de gestão. Estamos na reta final, mas a prioridade é lançar um candidato”.

Dos partidos mais procurados para possíveis composições de alianças no primeiro turno na capital mineira, o único que afirmou que já cravou posição foi o Avante. O presidente estadual do partido, o ex-prefeito de Contagem Alex de Freitas, foi taxativo: “Somos aliados do prefeito Fuad (Noman, do PSD) e vamos apoiar a reeleição”.