REPERCUSSÃO

O presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), divulgou uma nota nesta segunda-feira (29) na qual anunciou sua intenção de enviar um ofício ao Supremo Tribunal Federal (STF) solicitando informações sobre os eventuais nomes de parlamentares que possam ter sido objeto de monitoramento irregular por parte da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

"Encaminharei ao Supremo Tribunal Federal ofício solicitando os possíveis nomes de parlamentares clandestinamente monitorados pela Agência Brasileira de Inteligência, dada a gravidade que um fato dessa natureza representa", divulgou Pacheco em nota.

Nesta segunda-feira (29), a Polícia Federal cumpriu mandados de de busca e apreensão em endereços ligados a Carlos Bolsonaro, no Rio de Janeiro. Ele está na região da praia de Mambucaba acompanhado do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e os irmãos, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

Juntos, os quatro fizeram uma espécie de "super live" na noite de domingo (28) com a intenção de mobilizar aliados para a campanha eleitoral deste ano. No sábado (27), Jair Bolsonaro chegou a publicar imagens na praia, sendo cumprimentado por apoiadores.

Um dos mandados de busca e apreensão foi cumprido em Angra, na casa onde está a família Bolsonaro. Outros que miram Carlos Bolsonaro foram cumpridos na casa do vereador, localizada no condomínio Vivendas da Barra, na Bara da Tijuca, e em seu gabinete na Câmara Municipal do Rio. A operação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no âmbito da investigação sobre o esquema de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Por meio de nota, a PF informou que foi realizada nesta segunda uma continuação da operação Vigilância Aproximada, que mirou, na última quinta-feira (25), o ex-diretor-geral da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem. O monitoramento ilegal foi realizado até 2021 para vigiar opositores do governo Bolsonaro.

Ao todo, foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão: cinco no Rio de Janeiro (RJ), um em Angra dos Reis (RJ), um em Brasília (DF), um em Formosa (GO) e um em Salvador (BA). A corporação citou uma "organização criminosa que se instalou" na Abin e comentou sobre o objetivo de identificar o núcleo político envolvido no esquema.

"Nesta nova etapa, a Polícia Federal busca avançar no núcleo político, identificando os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente no âmbito da Abin, por meio de ações clandestinas. Nessas ações eram utilizadas técnicas de investigação próprias das polícias judiciárias, sem, contudo, qualquer controle judicial ou do Ministério Público", informou por meio de nota.

Operações da PF miram esquema ilegal de espionagem na Abin

As primeiras ações da operação Vigilância Aproximada foram cumpridas na última quinta-feira (25), em desdobramento da Última Milha, cumprida em outubro de 2023. Um dos alvos de busca e apreensão foi Ramagem. De acordo com as investigações, a espionagem ilegal aconteceu durante sua gestão na Abin, no governo Bolsonaro. 

A PF identificou o uso da ferramenta FirstMile para espionagem de opositores do governo Bolsonaro, com o uso de geolocalização de dispositivos móveis sem a devida autorização judicial. Estariam na lista autoridades e cidadãos comuns.

Teriam sido espionados de forma ilegal ministros do STF, como Moraes e Gilmar Mendes; o ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia; o ministro da Educação, Camilo Santana, quando era governador do Ceará; além dos ex-deputados Jean Wyllys (PSOL-RJ) e David Miranda (PDT-RJ), que morreu em maio do ano passado. O jornalista Glenn Greenwald, marido de David, também teria sido monitorado.