COLETA

A oposição ao governo Romeu Zema (Novo) diz que já alcançou  mais da metade das assinaturas necessárias para protocolar a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Até o fim da tarde desta quinta-feira (18/9), 16 parlamentares haviam assinado o pedido para investigar o esquema de corrupção desarticulado pela Polícia Federal na Secretaria de Meio Ambiente, durante a Operação Rejeito.

A coleta de apoios começou na quarta-feira (17/9), logo após a divulgação dos nomes dos investigados, que incluem integrantes do alto escalão dos governos estadual e federal. Segundo interlocutores da oposição, o trabalho de mobilização continuará na próxima semana.

Para a criação de uma CPI, o regimento da Assembleia exige assinaturas de pelo menos 26 dos 77 deputados. O bloco Democracia e Luta, que reúne os partidos de oposição, soma 20 parlamentares. Caso o pedido seja aceito pelo presidente da Casa, caberá aos partidos indicar os membros da comissão.

“É preciso uma apuração; não é possível que a gente naturalize. O governador Zema ficou mais de 24 horas em silêncio para depois dizer ‘nada com nada’ sobre esse grande esquema de corrupção por dentro do governo, que envolve gente nomeada por ele”, criticou a deputada Beatriz Cerqueira (PT), uma das articuladoras da CPI.

Embora deputados da base e da oposição tenham defendido investigações, há receio de que uma CPI possa se transformar apenas em instrumento de desgaste político do governador. Aliados de Zema sustentam que a operação da PF mirou sobretudo a Agência Nacional de Mineração (ANM), cujo diretor Caio Mário Seabra Filho foi preso. “É muito fácil atacar, mas precisamos colocar tudo em pratos limpos. Essa operação envolveu servidores estaduais e federais. Quem errou será punido”, afirmou o líder do governo na Assembleia, João Magalhães (MDB).

Além de Seabra Filho, também é investigado o delegado Rodrigo de Melo Teixeira, ex-superintendente da Polícia Federal em Minas e até recentemente diretor de Administração e Finanças do Serviço Geológico do Brasil (SGB). No âmbito estadual, estão na lista de investigados o ex-presidente da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), Rodrigo Gonçalves Franco, exonerado dias antes da operação, Vitor Reis Salum Tavares, diretor de Gestão Regional da Feam, e Fernando Benício de Oliveira Paula, conselheiro do Copam.

Os acusados, pela Polícia Federal, de chefiar o esquema, seriam um grupo de empresários liderados por Alan Cavalcante, João Alberto Lages e Helder Adriano.