GOVERNADOR

O Partido Novo quer, a partir das eleições municipais deste ano, mudar de patamar e se tornar uma agremiação de médio porte. De acordo com o presidente da sigla em Minas, Christopher Laguna, o Novo entrará na disputa em 180 municípios com chapas de vereadores e em até 30 municípios como cabeça de chapa para as prefeituras. A expectativa é eleger pelo menos dez prefeitos e cerca de 50 vereadores. Os planos de crescimento, no entanto, esbarram em um problema: principal nome da legenda no país, o governador de Minas, Romeu Zema (Novo), não deve se engajar nas campanhas e já deixou claro, durante um café da manhã com jornalistas na semana passada, que “não vai subir em palanque nenhum” no primeiro turno e que quer "distância da eleição municipal".

A postura do governador, aliás, não é muito diferente do que ocorreu nas últimas duas eleições, quando Zema pouco apareceu ao lado dos candidatos do Novo à Prefeitura de Belo Horizonte, Rodrigo Paiva, em 2020, e ao candidato do partido à Presidência, Felipe D’Ávila, em 2022. Nas eleições presidenciais, inclusive, a figura de Zema estava mais associada à de Jair Bolsonaro (PL) do que a do candidato do próprio partido.

Apesar do aparente desinteresse em relação às eleições, Zema prometeu, no início da semana, “total apoio” à pré-candidata do Novo à Prefeitura de BH, a secretária de Estado de Planejamento e Gestão, Luísa Barreto. “O partido Novo já fez uma pesquisa que mostrou a total viabilidade de alguém com perfil e competência da Luísa e ela terá total apoio meu. É a candidata que mais entende de setor público. Estarei com o candidato do partido Novo, que é a Luísa”, disse o governador na oportunidade.

A recente declaração de apoio veio após o governador ter condicionado, durante o café da manhã com os jornalistas, a candidatura de Luísa à “viabilidade”. Apesar de não ter citado diretamente as pesquisas de opinião, em suma, Zema vinculou a manutenção da pré-campanha de Luísa Barreto ao crescimento dela nos levantamentos de intenção de voto. 
 
O ex-deputado federal Deltan Dellagnol e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, vão participar, neste sábado (4), do encontro estadual do partido Novo em Minas Gerais. A pré-candidata à prefeitura de Belo Horizonte, Luísa Barreto, também estará presente.

Presidentes do Novo em Minas e em BH não veem distanciamento 

Christopher Laguna, presidente do Novo em Minas Gerais, nega que o governador esteja distante do partido e afirma que haverá, sim, apoio aos candidatos da legenda. Sobre as declarações de Zema, ele diz serem “interpretações fora do contexto”. “O governador está 100% alinhado com o partido. O trabalho tem sido bem transparente junto ao Zema e ao (vice-governador) Mateus (Simões) e bem orientado. Este apoio vai vir”, declara.

“Essa distância que ele (Zema) coloca pode ser a distância de percorrer 180 cidades, é claro que vamos focar onde temos viabilidade muito boa. Quando ele diz segundo turno diz as 20 cidades. É uma relação muito boa, na história do novo nunca estivemos tão alinhados. Nosso grande diamante é Romeu Zema e vamos seguindo”, avalia Laguna.

Presidente do Novo em Belo Horizonte, Frederico Papatella também nega haver desalinhamento entre o governador e o partido na cidade e minimiza as declarações sobre as eleições: “o governador hoje está preocupado na gestão do Estado que ainda tem grandes desafios”, diz.

“Todos os candidatos postos estão sendo testados, existe uma jornada longa até as convenções, até lá tudo pode mudar. Nosso objetivo é juntar a centro-direita a direita e os liberais em uma candidatura”, define.

Papatella não nega, porém, que o Novo se encontre com outros partidos para negociar e ressalta que Zema está sempre envolvido nas discussões. “O Novo não se furta disso. O governador é sempre consultado, sempre faz parte do bate-papo, é um grande gestor, tentamos usufruir de tudo de bom que temos”, completa.