O novo presidente da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, o mineiro Nikolas Ferreira (PL), foi vaiado e tietado durante cerimônia no Palácio do Planalto, nesta terça-feira (12). O parlamentar foi convidado pelo governo federal para participar do anúncio da construção de 100 novos institutos federais até o final do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2026. Oito dessas unidades serão construídas em Minas Gerais. 

Estudantes que estavam na plateia para acompanhar o anúncio pediram fotos com o mineiro, ao mesmo tempo em que outros participantes do evento o vaiaram. “Fui muito bem tratado pelos alunos, não tão bem tratado pelo público, os democratas, e, obviamente, estamos aí em cima para poder ver se esse anúncio dos institutos federais realmente vai sair no papel. Afinal de contas, anunciar até papagaio anuncia”, disse em vídeo publicado nas redes sociais. Na mesma publicação, ele aparece ao lado de alunos da rede federal tirando fotos e assinando camisetas. 

Na última semana, mesmo sob protesto de parlamentares governistas, Nikolas foi eleito para presidir o colegiado na Câmara. Ele afirmou que o governo o convidou apenas porque presumiu que ele não compareceria à cerimônia. “Depois que eu fui eleito presidente da Comissão de Educação, o governo me convidou, ligou diversas vezes para o meu gabinete e eu percebi que, obviamente, isso se tratava mais de um convite para poder realmente me descredibilizar, caso eu não viesse, do que um convite de fato”, afirmou. 

Escolha de Nikolas foi derrota para governo
A escolha do deputado Nikolas Ferreira é vista como uma derrota para a articulação política do governo Lula.  O mineiro é um dos parlamentares mais próximos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e forte opositor do governo. O Palácio do Planalto se preocupa com o possível avanço de pautas ideológicas e de costume no Congresso Nacional.

Outro temor do governo federal é sofrer uma derrota no Parlamento com o novo Plano Nacional de Educação, que deve ser enviado ao Legislativo até abril deste ano. Nos bastidores, relatos dão conta que a depender do posicionamento de Nikolas, já é falado que Lula pode criar obstáculos para a liberação de emendas para os deputados que apoiarem  posicionamentos radicais do mineiro no comando do colegiado.

Além do político mineiro, o PL conseguiu emplacar a deputada Caroline De Toni, de Santa Catarina, para o comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Já era público que o PL teria a presidência da CCJ, considerada a mais importante da Câmara, por ser a maior bancada - 99 nomes. A expectativa, no entanto, era a de que por um acordo com o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), fosse indicado um nome moderado. O mesmo era esperado pelo governo em relação à Educação.