O embaixador do Brasil no Egito, Paulino Franco de Carvalho, afirmou nesta segunda-feira (13), em entrevista ao UOL, que "não há nenhuma razão objetiva para atribuir à oposição ou a quem quer que seja” o sucesso da operação de resgate dos 32 brasileiros que estavam retidos em gaza desde o início do conflito entre Israel e o grupo palestino Hamas, no dia 7 de outubro. 

“Não há nenhuma razão objetiva para atribuir à oposição ou quem quer que seja, o êxito dessa operação de resgate desses cidadãos brasileiros. Objetivamente, quem tomou todas as providências, quem conquistou, digamos, essa vitória, quem fez o trabalho, foram as instituições do Estado do Brasil e que também são representados pelo governo”, afirmou. >>> Governo se prepara para enfrentar narrativa bolsonarista sobre resgate de brasileiros em Gaza 

“Não há Estado sem governo e o presidente do Brasil hoje é o presidente Lula. Naturalmente, não entro no mérito político-partidário, quem tem a responsabilidade pela retirada desses brasileiros de Gaza ou de Israel é o governo brasileiro, representado pelo presidente da República em última instância”, ressaltou Carvalho.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, já havia negado categoricamente que Jair Bolsonaro tenha tido qualquer influência no processo de liberação dos 32 brasileiros que estavam presos na Faixa de Gaza desde o início dos bombardeios de Israel ao enclave palestino e qualificou a narrativa bolsonarista como “desinformação”. 

As declarações do diplomata desmontam a narrativa fantasiosa criada pelos bolsonaristas de que Jair Bolsonaro (PL) teria sido o responsável pela repatriação do grupo de 32 pessoas que deixou a Faixa de Gaza no final de semana. A narrativa surgiu após Bolsonaro se encontrar com o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, na Câmara dos Deputados, na semana passada. 

Zonshine é conhecido por suas ligações com a extrema direita e o encontro teve como objetivo apresentar aos parlamentares imagens veiculadas por Israel sobre um ataque atribuído ao grupo Hamas, datado de 7 de outubro. Segundo a versão bolsonarista, teria sido neste encontro que foi resolvida a questão dos brasileiros em Gaza.

Ao ser questionado sobre a influência de Israel na decisão, o embaixador afirmou que, embora Israel tenha peso na questão, não é possível determinar com segurança se este ponto foi decisivo.

“Essa percepção eu tive aqui ouvindo as autoridades egípcias. Sempre que nós conversávamos com elas e com todos os níveis havia essa indicação de que 'está tudo bem, mas vocês têm que conversar com os israelenses'. É natural que Israel tem um peso nisso, agora saber se o peso foi decisivo ou não, em que medida isso influenciou essa lista, se houve um critério objetivo ou não, eu não tenho condição de dizer isso com segurança”, disse Carvalho.