A relatora Eliziane Gama (PSD-MA) defendeu que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos de 8 de janeiro, cujo relatório final pede o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros 60, não irá acabar em pizza. A senadora apresentou o relatório nesta sexta-feira (10/11) em audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). 

De acordo com Eliziane, o volume de informações do relatório final da CPMI dos atos de 8 de janeiro teria provocado uma aceitação "muito grande" das instituições. "Há um jargão popular que diz que CPI acaba em pizza, mas esta CPMI não está acabando em pizza. Pelo contrário, está acabando em muito aprofundamento por parte destes órgãos", afirmou a relatora, que encaminhou o parecer para a Procuradoria-Geral da República (PGR), a Advocacia-Geral da União (AGU), o Tribunal de Contas da União (TCU), o Supremo Tribunal Federal (STF) e a Polícia Federal.

A senadora apontou que, hoje, a PGR teria um "nível de comprometimento muito grande", ao contrário da época da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, quando a vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, pediu o arquivamento de pedidos de indiciamento contra Bolsonaro. "A CPI da Covid-19 foi muito bem trabalhada e acabou sendo arquivada claramente sem haver o interesse do aprofundamento da investigação, o que, pra mim, não vai ocorrer (com a CPMI)", avaliou ela, que acrescentou que a PGR já pediu acesso ao conteúdo sigiloso que não estava no relatório encaminhado a princípio.

Eliziane crê que a PGR, a partir do conjunto de dados sigilosos, deve denunciar as 61 pessoas. "Há um conjunto digitalizado de 7 terabytes, que tem nele os sigilos bancários, telefônicos, fiscais, telemáticos e são informações que passam, inclusive, por leituras mais apuradas e avaliações mais técnicas, que, no geral, são feitas por delegados, consultores ou um dos técnicos desses órgãos", considerou a senadora. 

A relatora ainda observou que o ministro do STF Alexandre de Moraes já pediu que o conteúdo do relatório final fosse compartilhado com seis inquéritos que preside. "São o inquérito que a gente chamaria de tronco, o mais inicial, que trata exatamente das milícias digitais, o inquérito das fake news, o dos executores, o dos financiadores, o dos agentes políticos e o da autoria intelectual", emendou a senadora, que lembrou que a AGU fez um encaminhamento pedindo a responsabilização cível das 61 pessoas cujo indiciamento foi pedido com uma multa de R$ 100 milhões.