Após dois anos da aprovação da reforma trabalhista, que enfraqueceu e empobreceu os sindicatos, os movimentos grevistas dão sinais de retorno à rotina brasileira. O que intensifica a movimentação em várias categorias são as planos do governo federal e das administrações em alguns estados para privatizar empresas públicas.

Para sindicatos e trabalhadores do setor público e privado, a reforma trabalhista aprovada pelo ex-presidente Michel Temer (MDB) trouxe uma série de mudanças. Ela alterou, por exemplo, carga horária, férias e benefícios. Embora tenha entrado em vigor em 2017, é somente agora que os efeitos dela começam a ser sentidos.

E é em razão de benefícios como plano de saúde que os servidores dos Correios se agitam para iniciar uma greve. A reforma trabalhista permitiu ao governo cortar o benefício deles. Os trabalhadores também protestam contra a privatização da estatal, anunciada desde o governo Temer. Em Minas, são 8 mil servidores na área. O Sindicato dos Trabalhadores em Correios (Sintect) informou que duas assembleias foram convocadas nas próximas semanas para decidir sobre a paralisação ou não das atividades. Fontes do sindicato sinalizam que os trabalhadores irão apoiar a deflagração da greve, a qual poderá ocorrer em nível nacional.

A categoria já em greve no país é a dos petroleiros. O ato se iniciou quando a Petrobrás deu sinais de fechamento de uma de suas subsidiárias, a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados, no Paraná. Cerca de 1000 funcionários podem perder o emprego. E o pior, sair sem ganhar nada.

Quando ocorrem demissões em massa, os trabalhadores processam a empresa. Com as alterações na legislação trabalhista, os trabalhadores pagam as vultosas custas processuais na hipótese de perderem no julgamento. Isso intimida muitos a impetrarem ações contra ex-patrões. Até o momento, a greve ocorre em 13 estados de maneira tímida.

Ainda neste ano os servidores da Dataprev, estatal responsável pela base de dados eletrônicos do INSS e outros assuntos de previdência, iniciaram greve por duas semanas. Os servidores estão preocupados com seus futuros na possível venda da empresa, a qual consta no pacote de estatais do ministro da Economia, Paulo Guedes, a serem vendidas. Segundo a categoria, a desestatização da empresa colocariam na rua 15% do efetivo total da empresa, 497 pessoas. Na tarde desta quinta-feira (6/2), o segmento decidiu interromper a paralisação por enquanto em razão de decisão da Justiça do Trabalho de obrigar a retomada dos cargos de trabalhadores que começaram a ser dispensados.

Em Minas Gerais, as trabalhadores da educação irão iniciar greve na próxima quarta-feira (11/2). Ainda não se sabe quantos profissionais irão aderir e nem o número de escolas impactadas. Parte dos servidores de hospitais também está em paralisação no estado. Neste ano, a privatização da Cemig incita os servidores da empresa a aderirem a paralisações.