O general vice-presidente Hamilton Mourão está mantendo uma “agenda paralela” de encontros com líderes de partidos de centro-direita de adversários de Bolsonaro e intensificou as relações com magistrados, diplomatas e empresários. Ele passou a receber em audiências e turnês de viagens especialmente lideranças de partidos de centro. Uma boa parte desses eventos não foi registrada na agenda oficial, segundo O Estado de S.Paulo. A agenda repete a trajetória de Itamar Franco, vice-presidente de Fernando Collor, que mergulhou numa sequência de encontros ao longo de 1992. Eles impulsionaram o processo de impeachment que foi aprovado em dezembro daquele ano.

Em Brasília, os encontros de Mourão ocorrem no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente, e no gabinete de trabalho no prédio anexo do Palácio do Planalto. O general recebeu nomes ligados ao PP, PSDB e MDB e pretende ampliar o arco de conversas com representantes do PSD e do DEM.

No dia 7 de Setembro, Mourão subiu no palanque da Esplanada ao lado de Bolsonaro. Mas, no dia seguinte, enquanto Bolsonaro reunia seus ministros no Planalto, o vice embarcou para o Pará com uma comitiva de embaixadores estrangeiros — o objetivo era melhorar a percepção dos representantes sobre os esforços brasileiros pela preservação da floresta. O grupo foi recebido pelo governador Helder Barbalho (MDB) e visitou instalações de empresas como a Vale.

Estavam no grupo os embaixadores do Japão, Akira Yamada; da União Europeia, Ignácio Ybáñez; e da Índia, Suresh Reddy, entre outros. França, Espanha, Angola, Paraguai, Uruguai, Reino Unido e Suíça também mandaram diplomatas para a excursão. Os senadores Nelsinho Trad (PSD-MS) e Kátia Abreu (PP-TO) integraram a comitiva liderada pelo vice, que só retornou a Brasília no fim da sexta-feira.