VISITA A PORTUGAL

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, admitiu que os brasileiros que vivem em Portugal têm enfrentado problemas no atendimento de hospitais públicos do país europeu. Muitos são maltratados e não conseguem inscrição no sistema. Ela ressaltou que o governo do Brasil e as autoridades portuguesas estão buscando alternativas como forma de minimizar as dificuldades. “Acho que temos um bom campo para explorarmos os problemas. Os sistemas de saúde (dos dois países) estão hoje muito pressionados. Então, creio que é uma pauta em relação à qual podemos avançar”, disse ela, que integra a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Portugal.

Na avaliação da ministra, é importante que os brasileiros tenham um bom acolhimento em Portugal, assim como os portugueses no Brasil. “É um ponto importante da nossa cooperação. São dois sistemas abertos, que permitem que todos possam ser atendidos, os imigrantes e os naturais dos países. A fala do Ministério da Saúde de Portugal é de que o país vê de forma positiva a entrada de brasileiros (em território luso)”, afirmou. Recentemente, o próprio ministro português da Saúde, Manuel Pizarro, reconheceu que os imigrantes são maltratados na rede pública. Pesquisas mostram que nove em cada 10 brasileiros que recorreram ao sistema de saúde luso foram discriminados.

Nísia ressaltou que, além da questão do atendimento nas redes públicas de saúde, foram fechados acordos com Portugal, inclusive na prevenção de pandemias, como a do novo coronavírus. “Tanto o Brasil quanto Portugal compartilham uma visão comum, na qual está a resiliência dos sistemas de saúde que precisam ser fortalecidos para enfrentar esse tipo de adversidade, que, naturalmente, esperamos que não se configure com a gravidade da pandemia de covid. Precisamos de capacidade de autonomia na produção de vacinas e medicamentos e, sobretudo, de fortalecimento dos sistemas universais”, frisou.

É preciso avançar, também, na melhoria do acordo que prevê o reconhecimento de diplomas de médicos brasileiros em Portugal. Hoje, a Ordem dos Médicos portuguesas coloca uma série de empecilhos para evitar a entrada de profissionais do país, apesar da carência de todo tipo de especialista na área de saúde. “Esse ponto, certamente, fará parte da nossa discussão e de uma agenda de prospecção e desdobramento dos pontos firmados na carta conjunta de intenções.