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Membros da Abin consternados com plano de colegas contra Moraes

05/01/2024 10h10 - Atualizado em 05/01/2024 10h12 por Luana Patriolino - Correio Braziliense

Entidade de classe informou, por meio de nota, que na maior parte do governo anterior a agência "esteve sob gestão de servidores de outro órgão". Ministro disse que golpistas tramavam matá-lo, com possível envolvimento de integrantes da agência


alexandre-de-moraes-julgamento.jpgMoraes disse que golpistas tramavam enforcá-lo na Praça dos Três Poderes / crédito: Rosinei Coutinho/SCO/STF
8 DE JANEIRO

 

Os servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) manifestaram "consternação" com a declaração do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre a existência de um suposto plano dos golpistas para enforcá-lo na Praça dos Três Poderes. De acordo com o magistrado, há um inquérito para investigar o planejamento dessas atividades, com possibilidade de envolvimento da Abin.
 

A declaração de Moraes foi dada em entrevista ao jornal O Globo. O ministro afirmou que um dos planos consistia na prisão dele por parte das Forças Especiais do Exército, que o encaminhariam para Goiânia.

Outra ideia dos extremistas se baseava em um homicídio, com o corpo do magistrado sendo largado no caminho para a capital de Goiás. A terceira possibilidade era mais extrema, com enforcamento do ministro na área central de Brasília.

"O terceiro (plano) defendia que, após o golpe, eu deveria ser preso e enforcado na Praça dos Três Poderes. Para sentir o nível de agressividade e ódio dessas pessoas, que não sabem diferenciar a pessoa física da instituição", ressaltou o magistrado.

 Ele comentou sobre a possibilidade do envolvimento da agência de inteligência. "Houve uma tentativa de planejamento. Inclusive, há outro inquérito que investiga isso, com participação da Abin, que monitorava os meus passos para quando houvesse necessidade de realizar essa prisão", acrescentou Moraes.

 

Por meio de nota, a entidade de classe que representa os servidores da Abin, a Intelis, defendeu a idoneidade dos colaboradores e ressaltou que na maior parte do governo anterior a agência "esteve sob gestão de servidores de outro órgão, durante a qual houve ocupação de cargos por indicação exógena em quantidade inédita na história da Abin, situação que perdurou até março de 2022".

 

"Tais ameaças permanecem objeto do acompanhamento silencioso de nossos servidores orgânicos, que, mesmo sob condições adversas, trabalham incansavelmente pela segurança da sociedade e do Estado", destacou a Intelis.

Ainda segundo a entidade, "o necessário aprofundamento dos trabalhos de inteligência em defesa do Estado de Direito no Brasil depende da urgente reforma das prerrogativas legais da Abin, com definição de meios e focos de sua atuação, do reforço e valorização do quadro de pessoal e do efetivo controle externo da atividade, exercido pelo Congresso Nacional".

Até o fechamento desta reportagem, a Abin não tinha se manifestado a respeito da declaração de Moraes.

Também nesta quinta-feira, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, ressaltou que a corporação já investigava o plano de assassinato de Moraes, descoberto por meio de trocas de mensagens entre os suspeitos, e que é possível identificá-los, mas não deu mais detalhes. As declarações dele foram para a Globonews.