CAFÉ COM POLÍTICA

O prefeito de Betim, Vittorio Medioli (PSD), criticou a forma como foi feito o acordo judicial entre governo do Estado e a mineradora Vale a título de reparação do rompimento da barragem em Brumadinho. Em entrevista, nesta quarta-feira (14), ao Café com Política, quadro do programa Super N, da rádio Super 91,7 FM, o prefeito disse ser "decepcionante'' que dos R$ 37,6 bilhões acordados, apenas R$ 1,5 bilhão vai para os municípios. 

“Há uma promessa de que os municípios do Vale do Paraopeba recebam R$ 2 bilhões, mas não de receber recursos para que eles toquem as obras, seria para a Vale executar as obras dos municípios, como se os municípios não fossem capazes de executar, fazer melhor e mais barato que a própria Vale”, ressaltou o mandatário de Betim. 


“Esse dinheiro deveria ser colocado como verba pública, sob o controle do Tribunal de Contas do Estado”, completou. 

Medioli classificou como “absurdo” que Betim, por ser a maior cidade do Vale do Paraopeba (região atingida pelo rompimento), receba apenas R$ 15 milhões provenientes do acordo. 

“Dentro do Vale do Paraopeba tem 950 mil habitantes, a metade é de Betim. Ou seja, temos a maior população à margem do Paraopeba e impactada, porque estamos logo abaixo de Brumadinho e até hoje não recebemos nada. E agora, de 37 bilhões, nós vamos ver R$ 15 milhões. É literalmente um absurdo!”, afirmou.  

O prefeito também criticou a verba que será destinada à construção do Rodoanel metropolitano. 

“Totalmente errado, um absurdo. Entretanto, a Vale não tem obrigação de fazer. Onde a Vale teria obrigação, ela não tem”, pontuou. 

EDUCAÇÃO E SAÚDE NÃO FORAM CONTEMPLADAS


O prefeito de Betim criticou o fato de não ter recursos do acordo previstos para áreas importantes como saúde e educação.

“Temos uma constituição no país, essa é uma verba indenizatória, é uma verba pública. Na constituição temos normas que tratam da aplicação das verbas públicas, aqui não. Vai entrar uma bolada de R$ 37 bilhões, que pode provocar, se bem aplicada, um crescimento chinês no Estado, agora para saúde não vai vir praticamente nada, para educação é zero a esquerda”, afirmou.   

Ele ainda lamentou a falta de diálogo do Estado com os municípios. 

"Nenhum prefeito foi envolvido, a Assembleia não foi envolvida. Agora, o povo escolhe seus representantes pelas urnas, só que aqui se faz um conceito de que todo político é bandido. Agora foi jogado fora do âmbito constitucional. Esse dinheiro teria que entrar em uma conta do BDMG e ser distribuído aos municípios com base na regra uniforme, na Lei 8666, passar por um orçamento público aprovado”, reclamou o mandatário.