Na primeira pesquisa de opinião pública em Belo Horizonte sobre os efeitos do novo coronavírus, declarado como pandemia em 11 de março pela Organização Mundial de Saúde (OMS), moradores da capital  demonstram aprovação maciça em relação a medidas adotadas pelo prefeito Alexandre Kalil (PSD) para conter o avanço da COVID-19, como manter o isolamento social e o comércio fechado. Já posições do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tiveram as avaliações mais negativas na voz dos entrevistados.
 
Conforme levantamento feito pela Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH)/Instituto Quaest, que ouviu mais de 600 pessoas entre 28 e 31 de março, 88% dos entrevistados (valores agregados) concordaram com a determinação do prefeito Alexandre Kalil de suspender atividades comerciais para reduzir a disseminação da COVID-19.
 
O mesmo não ocorreu em relação a Bolsonaro: 70% discordaram dos posicionamentos do presidente ao considerar a situação como "histeria, preocupação exagerada” e defender que o comércio deveria funcionar. A pesquisa ouviu moradores de BH entre 16 e 80 anos.


 Especificamente sobre as medidas de manter o isolamento e o comércio fechado, 69% dos entrevistados avaliam como positivas as providências do prefeito de BH como forma de impedir a disseminação do novo coronavírus.

Outros 22% consideram as providências regulares e 7% as avaliam como negativas. No caso de Bolsonaro, a pesquisa mostra aprovação de 22%, com mesmo percentual de avaliação regular e 54% de negativa. Romeu Zema obteve desempenho intermediário: 27% de avaliação positiva, com 43% considerando regular e 24% negativa.


A desaprovação em relação às atitudes de Bolsonaro foi maior na faixa etária de 30 a 59 anos (57%), seguindo-se entre 16 a 29 anos (55%) e, por fim, de 42% acima de 60 anos. A performance de Zema é considerada regular pelos residentes na capital de 16 a 29 (51%), de 30 a 59% (44%) e acima de 60 (52%). 
 
Vale destacar uma conclusão da pesquisa: o temor dos belo-horizontinos quanto ao novo coronavírus é muito maior (65%) do que em relação a eventuais problemas econômicos que possam advir desse momento, preocupação registrada por 35% dos entrevistados.
 
A preocupação de ser vítimas da pandemia e de não conseguir tratamento adequado foi de 70% entre as mulheres ouvidas e de 59% entre os homens entrevistados. Entre representantes de diferentes classes sociais, não há diferença significativa quanto a essa percepção.
 
Em relação à economia, 35% das pessoas que opinaram temem as consequências de crise econômica que pode suceder a epidemia e as medidas de isolamento. Nesse caso, entre o sexo masculino o contingente é maior que a média: 41% dos entrevistados revelam esse temor.


O levantamento mostra que a maioria dos belo-horizontinos aprova as medidas adotadas para conter o avanço da pandemia. É essa a percepção em relação, por exemplo, ao fechamento de escolas e universidades, medida com 91% de aprovação. A indicação de isolamento social também foi bem vista por 84% das pessoas ouvidas. Já 77% consideram correto fechar totalmente o comércio e 75% consideram acertado fechar as divisas estaduais.
 
E se você fosse presidente do Brasil, como agiria? Essa foi uma das perguntas da pesquisa. Sobre as medidas que devem ser tomadas daqui em diante, 41% dos entrevistados defendem manter o isolamento e o comércio fechado até que a pior fase da pandemia seja vencida. Outros 35% defendem que as medidas de quarentena devem ser mantidas por entre 10 e 15 dias, período após o qual o comércio seria reaberto.
 
Somente 17% das pessoas ouvidas defendem isolar apenas grupos de risco ou pessoas mais vulneráveis às consequências da Covid-19. Apenas 1% acredita que as medidas de quarentena devem ser interrompidas. Seis por cento dos entrevistados não souberam responder.
 
"O resultado da pesquisa mostra a gravidade da crise e como a população está consciente da necessidade de colaborar para que tudo seja superado da melhor maneira possível”, avalia o presidente da CDL/BH. Marcelo de Souza e Silva. Ele destaca que há as duas faces da crise que precisam ser enfrentadas com seriedade e responsabilidade: a saúde e a economia”.