O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, disse que a situação na Venezuela está "complicada", após as recentes eleições no país. Nicolás Maduro foi declarado vencedor pela autoridade eleitoral venezuelana, mas o resultado foi contestado pela oposição e questionado por vários países, incluindo o Brasil, devido à suposta falta de transparência no processo. Maduro está no poder desde 2013.

“Está complicado. Mas não vou falar nada agora porque ainda estamos... Temos que esperar a apuração final e tão logo a gente se manifesta“, disse Vieira nesta terça-feira (30) ao jornal O Globo, após um evento no Ministério da Justiça.

A oposição venezuelana organizou protestos que se espalharam pelo país, resultando em ao menos sete mortes. Enquanto isso, o governo brasileiro emitiu uma nota afirmando que o pleito ocorreu com “caráter pacífico”, mas que está acompanhando atentamente a apuração dos votos. 

O Itamaraty destacou a importância do “princípio fundamental da soberania popular”, que deve ser respeitado por meio da “verificação imparcial dos resultados”. O órgão brasileiro aguarda a divulgação de “dados desagregados por mesa de votação” pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), para garantir a transparência e legitimidade do resultado. Representantes dos Estados Unidos e de outros países da América e da Europa também solicitaram a divulgação completa das atas.

Celso Amorim, assessor especial enviado pelo presidente Lula (PT) para acompanhar as eleições, também declarou que o governo brasileiro está aguardando os "dados necessários" para se pronunciar sobre o resultado anunciado pelo CNE. Amorim mencionou ainda que a falta de transparência "incomoda".

O presidente Lula pretende esperar o retorno de Amorim ao Brasil antes de comentar publicamente o resultado das eleições na Venezuela, querendo discutir o assunto pessoalmente com o diplomata antes de se posicionar.

A executiva nacional do PT, porém, reconheceu a reeleição de Maduro, saudando o "povo venezuelano pelo processo eleitoral", que classificou como "uma jornada pacífica, democrática e soberana". O partido espera que o CNE trate "respeitosamente" todos os recursos e que o governo venezuelano "continue o diálogo com a oposição". O governo brasileiro, contudo, deverá aguardar a publicação das atas de votação para se manifestar oficialmente.

 

Brasil247