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O presidente Jair Bolsonaro, que ficou em silêncio desde a expedição do mandado de prisão contra Silveira, de autoria do ministro Alexandre de Moraes, tem compromissos com o Centrão. De olho em 2022, o presidente precisa garantir as pautas econômicas, a vacinação e a recuperação do Brasil, e não terá tempo para paralisar as votações participando de polêmicas como os comparecimentos a manifestações antidemocráticas ou atacando o STF e desviando o foco do que mais precisa. O próximo pleito federal ocorrerá em conjuntura muito diferente da de 2018, que aconteceu no esteio da Lava-Jato e do antipetismo, por exemplo.
A depuração acontecerá, porém, nos ciclos mais próximos do presidente, que, ao menos por ora, não tem condições de abandonar o grupo de eleitores mais radicais. Grupo que, inclusive, reclamou do silêncio de Bolsonaro nas redes. Portanto, isso não significa que o presidente vá abandonar as falas polêmicas, embora seja pouco provável que assuma tom parecido com o de Daniel Silveira. A estratégia de maneirar o discurso já separa, inclusive, os parlamentares. Enquanto Julian Medeiros (PSL-PB) andou se queixando do silêncio do presidente, o colega de bancada Bibo Nunes afirma que o presidente “se colocou como representante máximo do Poder Executivo, e ficou fora dessa discussão”.
“O presidente está resguardando a liturgia do cargo, ficando isento na disputa. Não tem nada a ver com Centrão. O presidente está se moldando ao cargo”, disse. Carla Zambelli (PSL-SP) vai na mesma linha. “Nos últimos dois anos, a imprensa e parte do público têm cobrado do presidente para não se manifestar em todos os assuntos. É muito difícil agradar a todos. Quando ele fala, é criticado pelo que fala. Quando ele não fala, criticam. A minha opinião é que ele está agindo corretamente, pois já temos uma situação entre Judiciário e Legislativo. Não seria saudável para o país que o presidente entrasse na disputa”, avaliou.
Desdobramentos
Junto com Bia Kicis, que faz campanha para a presidência da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e promete isenção e diálogo com todos os partidos, esses parlamentares fazem parte do grupo que se elegeu agarrado ao discurso de Bolsonaro, mas que detém certo pragmatismo, diferentemente, segundo o analista político da Consultoria Dharma, Creomar de Souza, dos que têm retórica agressiva, que serve para agitar as bases. “Esse pessoal é mais torcida que líder”, explica. Creomar destaca, ainda, que Silveira não valia o preço do desgaste. “É precoce dizer que ele vai ser cassado. Mas, para esse momento, tem uma confusão armada, uma unanimidade do STF. Ele cruzou a linha”, avaliou.
“A gente vai ver uma depuração no bolsonarismo. Não acredito que Bolsonaro está largando o bolsonarismo. Ele está largando, no caminho, os soldados de infantaria. E isso se encaixa em outra situação, que são os blogueiros. Sara Giromini, o Allan dos Santos, do Terça Livre, uma turma importante para 2018. Mas o núcleo do governo sabe que eles deram uma transgredida. Você perde os anéis para preservar os dedos. E o Caso de Daniel Silveira também foi uma ótima oportunidade para o Lira se descolar de Bolsonaro e dizer que ‘você depende de mim. Não me atrapalhe’”, ponderou.
Doutor em ciência política, professor e pesquisador do Departamento de Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Ricardo Ismael também vê pragmatismo em Bolsonaro quando o presidente se cala a respeito de Daniel Silveira. Ainda assim, ele alerta que o presidente não abandonará a base eleitoral, pois sabe que o Centrão não o apoiará se não conseguir chegar em 2022 viável para as eleições. Além disso, lembra, o caso de Daniel Silveira ainda não está encerrado. “O bolsonarismo está defendendo Daniel Silveira nas redes. E se ele sobreviver, não for cassado, pode até aumentar a votação em 2022. São contradições que ocorrem”, apontou.
“Tratava-se de um conflito entre Câmara e STF, e sair em defesa de Silveira iria colocar o Bolsonaro no fogo. Bolsonaro, hoje, está criticando a Petrobras. Ele precisa defender os caminhoneiros. Não vai abandonar apoiadores. Nem os militares nem os evangélicos. O Centrão é importante nas reformas, mas se Bolsonaro não mantiver a popularidade, o Centrão vai apoiar outro candidato em 2022. Lira deve ter dito a Bolsonaro que se ele entrasse (na briga) seria prejudicial. A distância de Bolsonaro pode contrariar seguimentos bolsonaristas que gostariam de uma manifestação. Mas, quem pensa um pouco sabe que Bolsonaro não teria nada a ganhar. Ele iria criar uma briga com Lira, e ia voltar ao cenário de 2020, quando estava em conflito com o Supremo, o que ele não quer mais”, lembrou Ricardo Ismael.
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O presidente Jair Bolsonaro, que ficou em silêncio desde a expedição do mandado de prisão contra Silveira, de autoria do ministro Alexandre de Moraes, tem compromissos com o Centrão. De olho em 2022, o presidente precisa garantir as pautas econômicas, a vacinação e a recuperação do Brasil, e não terá tempo para paralisar as votações participando de polêmicas como os comparecimentos a manifestações antidemocráticas ou atacando o STF e desviando o foco do que mais precisa. O próximo pleito federal ocorrerá em conjuntura muito diferente da de 2018, que aconteceu no esteio da Lava-Jato e do antipetismo, por exemplo.
A depuração acontecerá, porém, nos ciclos mais próximos do presidente, que, ao menos por ora, não tem condições de abandonar o grupo de eleitores mais radicais. Grupo que, inclusive, reclamou do silêncio de Bolsonaro nas redes. Portanto, isso não significa que o presidente vá abandonar as falas polêmicas, embora seja pouco provável que assuma tom parecido com o de Daniel Silveira. A estratégia de maneirar o discurso já separa, inclusive, os parlamentares. Enquanto Julian Medeiros (PSL-PB) andou se queixando do silêncio do presidente, o colega de bancada Bibo Nunes afirma que o presidente “se colocou como representante máximo do Poder Executivo, e ficou fora dessa discussão”.
“O presidente está resguardando a liturgia do cargo, ficando isento na disputa. Não tem nada a ver com Centrão. O presidente está se moldando ao cargo”, disse. Carla Zambelli (PSL-SP) vai na mesma linha. “Nos últimos dois anos, a imprensa e parte do público têm cobrado do presidente para não se manifestar em todos os assuntos. É muito difícil agradar a todos. Quando ele fala, é criticado pelo que fala. Quando ele não fala, criticam. A minha opinião é que ele está agindo corretamente, pois já temos uma situação entre Judiciário e Legislativo. Não seria saudável para o país que o presidente entrasse na disputa”, avaliou.
Desdobramentos
Junto com Bia Kicis, que faz campanha para a presidência da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e promete isenção e diálogo com todos os partidos, esses parlamentares fazem parte do grupo que se elegeu agarrado ao discurso de Bolsonaro, mas que detém certo pragmatismo, diferentemente, segundo o analista político da Consultoria Dharma, Creomar de Souza, dos que têm retórica agressiva, que serve para agitar as bases. “Esse pessoal é mais torcida que líder”, explica. Creomar destaca, ainda, que Silveira não valia o preço do desgaste. “É precoce dizer que ele vai ser cassado. Mas, para esse momento, tem uma confusão armada, uma unanimidade do STF. Ele cruzou a linha”, avaliou.
“A gente vai ver uma depuração no bolsonarismo. Não acredito que Bolsonaro está largando o bolsonarismo. Ele está largando, no caminho, os soldados de infantaria. E isso se encaixa em outra situação, que são os blogueiros. Sara Giromini, o Allan dos Santos, do Terça Livre, uma turma importante para 2018. Mas o núcleo do governo sabe que eles deram uma transgredida. Você perde os anéis para preservar os dedos. E o Caso de Daniel Silveira também foi uma ótima oportunidade para o Lira se descolar de Bolsonaro e dizer que ‘você depende de mim. Não me atrapalhe’”, ponderou.
Doutor em ciência política, professor e pesquisador do Departamento de Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Ricardo Ismael também vê pragmatismo em Bolsonaro quando o presidente se cala a respeito de Daniel Silveira. Ainda assim, ele alerta que o presidente não abandonará a base eleitoral, pois sabe que o Centrão não o apoiará se não conseguir chegar em 2022 viável para as eleições. Além disso, lembra, o caso de Daniel Silveira ainda não está encerrado. “O bolsonarismo está defendendo Daniel Silveira nas redes. E se ele sobreviver, não for cassado, pode até aumentar a votação em 2022. São contradições que ocorrem”, apontou.
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