Sputnik - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste sábado que os esforços para impedir que ele seja candidato às eleições presidenciais apenas o deixam mais forte, em discurso gravado para a cúpula da União Africana.
Lula criticou as autoridades que o impediram de viajar para a cúpula na Etiópia, onde ele deveria participar de uma reunião organizada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, um dia depois da confirmação de sua condenação pela Justiça.
A condenação por corrupção atingiu as esperanças de Lula, de 72 anos, de participar da próxima eleição presidencial, na qual ele aparece na liderança das intenções de voto. No entanto, analistas dizem que ele ainda possui chances e que pode apresentar novos recursos nos tribunais superiores.
"Eles não querem que eu seja candidato porque quanto mais eles me acusam, mais eles me perseguem, mais eu cresço nas pesquisas de opinião pública", disse Lula à reunião em Addis Abeba através de uma teleconferência.
"Eles sabem se sou candidato — contra a mídia no meu país, contra as elites brasileiras —, eles sabem que minhas chances de ganhar as eleições no primeiro turno são absolutas", continuou o petista.
Lula, um ex-sindicalista que foi eleito presidente em 2003, tornando o Brasil o "queridinho" entre as economias emergentes e tirando milhões da pobreza, disse à reunião que seu país havia mostrado que era possível impedir que as pessoas passassem fome.
"O orçamento de cada país deve ser concebido para colocar os pobres no seu núcleo para garantir-lhes — o algo sagrado, algo bíblico — que tomar café da manhã, almoço e jantar é o direito mais básico que todo ser humano na Terra deve ter", disse.
O petista afirmou que, se voltasse à Presidência da República, tornaria o relacionamento do Brasil com a África uma prioridade.
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O legado de Lula acabou manchado pela queda de sua sucessora, Dilma Rousseff (PT), que foi alvo de um impeachment em 2016, e por um escândalo de corrupção que engoliu o seu Partido dos Trabalhadores.
Lula acusa as elites brasileiras e os meios de comunicação de estar por trás da trama para "destruí-lo" e acabar com o seu legado.
Três juízes do Tribunal Regional da 4a Região (TRF-4) concordaram na quarta-feira que Lula cometeu os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso relativo ao tríplex do Guarujá (SP), apesar do petista dizer que nunca tenha sequer colocado as mãos nas chaves do imóvel.
Os juízes prorrogaram a pena de prisão original de Lula de nove anos e meio, proferida em julho, para 12 anos e um mês.