Petista estaria cogitando se apresentar espontaneamente; objetivo principal seria evitar imagens negativas de sua condução pela PF

Embora o assunto esteja formalmente interditado entre petistas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já discute com aliados como proceder caso seja determinada sua prisão.

Segundo interlocutores, o ex-presidente avalia a hipótese de se apresentar, evitando a produção de imagens negativas típicas de uma operação policial. Outra possibilidade é que o petista espere a chegada dos agentes policiais, também cercado por seus apoiadores. Nesse caso, porém, Lula poderia perder o controle da situação ao ser conduzido por policiais.

Petistas estão a postos para acompanhar o ex-presidente. Segundo colaboradores, só Lula poderá tomar essa decisão, que dependerá de onde estiver no dia definido para o cumprimento da sentença.

Depois de percorrer Nordeste e Sudeste, Lula inicia, nesta segunda-feira (19), a etapa sulista de sua caravana pelo país. Em sua quarta fase, terá a educação como tema. O roteiro, de nove dias, inclui visita ao mausoléu do presidente Getúlio Vagas (1930-1945 e 1951-1954), além de encontros com ex-presidentes sul-americanos. Já no primeiro dia, ele terá uma conversa pública com o ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica, que governou o país de 2010 a 2015.

O petista estará em Foz do Iguaçu (PR) no dia 26, mesmo dia em que o Tribunal Regional Federal da 4ª região (TRF-4), em Porto Alegre, realizará uma sessão extraordinária sobre o assunto. Cabe à Corte decidir se Lula será preso ou não em segunda instância.

Além disso, a defesa do ex-presidente tem recorrido aos tribunais superiores, em Brasília, como o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Supremo Tribunal Federal (STF).

Um habeas corpus em favor do petista já foi negado pela Quinta Turma do STJ. Na quarta, os advogados de Lula fizeram novo pedido ao ministro do STF Edson Fachin, relator dos processos da Lava Jato na Corte. Requereram a suspensão de uma eventual prisão do ex-presidente o que também foi negado.

Insurgência

Nesta semana, durante viagem a Salvador, Lula repetiu estar se insurgindo contra sua condenação. Em entrevista, chegou a dizer que “nesse processo, todo mundo é mentiroso”.

Petistas têm descartado, no entanto, a chance de descumprimento da decisão. Presidente da Fundação Perseu Abramo – que é vinculada ao PT –, Márcio Pochmann afirma que, apesar da avaliação de que hoje o pais vive em um estado de exceção, o partido sempre optou por buscar uma nova ordem dentro da ordem estabelecida.

Advogado de Lula, Cristiano Zanin diz, por sua vez, que essa hipótese não está em discussão, uma vez que se espera do STF uma decisão contrária a prisões sem que estejam esgotados todos recursos disponíveis para reversão da sentença.

Moro adia audiência por causa da Copa

O velho clichê diz que a Copa do Mundo faz o Brasil parar. Na tarde desta sexta-feira, Sergio Moro apenas reforçou este velho ditado repetido de quatro em quatro anos. Em documento publicado, o juiz determinou que secretaria da 13ª Vara Federal da Justiça do Paraná remarque os depoimentos da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva marcados para dia 22 e 27 junho, datas dos jogos do Brasil contra Costa Rica e Sérvia, pelo Mundial.

A determinação de Moro é escrita após a convocação de todas testemunhas no réu em que Lula é acusado de receber propinas nas reformas realizadas no sítio Santa Bárbara, em Atibaia. Até o processo mais midiático da Lava Jato, já que envolve o ex-presidente, vai parar em virtude da equipe de Tite, que joga contra costarriquenhos e sérvios pela classificação às oitavas de final.

A reportagem entrou em contato com Sergio Moro, que preferiu não comentar o assunto.