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string(10643) "(FOLHAPRESS) - O presidente Lula (PT) tem encorajado ministros e aliados a expor divergências com o centrão e a oposição depois da série de derrotas impostas pela própria base ao governo no debate sobre mudanças no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
Segundo auxiliares do petista, a orientação é argumentar que parlamentares de centro e da direita -inclusive integrantes de partidos aliados- resistem à implementação de justiça tributária no Brasil.
Nas palavras de um colaborador direto do presidente, o governo quer dizer que tem lado e que não vai admitir cortes de programas sociais para manter privilégios.
Outro integrante da equipe do presidente afirma que Lula está decidido a travar essa disputa. Segundo ele, o petista adotou nos dois primeiros anos de governo uma política econômica de inclusão dentro das limitações do arcabouço fiscal. Seu limite seriam medidas que restringem os direitos dos mais pobres.
Ainda segundo aliados, o presidente tem incentivado o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), a falar mais e apresentar argumentos em favor da incidência de tributos sobre os mais ricos para desoneração dos mais pobres.
O chefe da equipe econômica, defensor há anos de impostos progressivos, passou a se colocar de forma ainda mais assertiva sobre o tema.
"Quem está condoído [com o projeto de aumentar impostos para ricos], quem faz propaganda contra são os 140 mil [super-ricos]. Eu estou tranquilo em relação a isso, porque eu sou ministro da Fazenda para enfrentar os 140 mil. Eu estou aqui para fazer justiça tributária", disse Haddad em entrevista à Folha publicada na quinta-feira (26).
Além disso, o PT divulgou na última semana um vídeo sobre pagamento de impostos no qual fala em "taxação BBB: bilionários, bancos e bets": "O governo vai passar a taxar quem sempre pagou pouco ou quase nada: os super-ricos".
Um ministro afirma que, ainda que não houvesse um incentivo de Lula, seus auxiliares passariam a reproduzir esse discurso de tanto ouvir essa avaliação do próprio presidente.
Aliados apontam o debate do IOF como um marco para o endurecimento do discurso governista, especialmente depois de a cúpula do Congresso colocar em votação na última semana o projeto que derrubaria as mudanças feitas pelo Executivo sem avisar ao Planalto.
A inclusão da proposta na agenda de votações foi anunciada pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), por meio das redes sociais sem uma comunicação prévia ao Executivo. A postagem foi no fim da noite anterior à sessão que decidiria sobre o assunto, na quarta (25). Segundo aliados, Lula encarou a atitude como um insulto a ele. Não apenas a Haddad.
Aliados do presidente enxergam as digitais de seus opositores na atuação de Motta, em uma clara antecipação da disputa eleitoral do ano que vem. Haveria uma tentativa de enfraquecer o governo para que o grupo político de Lula chegue em 2026 com chances reduzidas de vencer a eleição.
Nesse cenário, a única opção seria disputar o eleitorado desde já, visando a corrida presidencial do ano que vem -apesar disso, uma segunda ala de governistas ainda acha possível reorganizar a relação com o Congresso e teme as consequências políticas dessa nova estratégia de contrapontos abertos.
A ordem do presidente é ir a público dizer que a gestão petista quer taxar milionários para bancar serviços, programas sociais e redução de impostos para os mais pobres. A mensagem a ser transmitida é que as forças políticas que se opõem a isso defendem privilégios para poucos setores da sociedade.
Governistas detectaram há algumas semanas que a pauta da taxação dos mais ricos tem aderência nas redes sociais e passaram a apostar no tema para enfrentar a oposição. A deterioração do clima político nos últimos dias fez essa aposta passar a ser uma instrução de Lula e uma estratégia política mais estruturada.
A gestão petista ficou sob pressão depois de elevar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para operações de câmbio e crédito de empresas no fim de maio. O Executivo precisa aumentar a arrecadação para cumprir as regras fiscais sem conter mais despesas.
Houve um recuo parcial do aumento do IOF. Haddad negociou uma alta menor nesse imposto, combinada com outras propostas para incrementar a arrecadação -como o fim da isenção de investimentos incentivados e aumento de imposto para bets, fintechs e JCP (Juros sobre Capital Próprio).
Mesmo assim, o Congresso aprovou um decreto legislativo na quarta-feira para sustar o aumento do IOF.
Tido como principal aliado de Lula no Congresso, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), colocou o projeto em votação na Casa no mesmo dia em que foi aprovado pela Câmara, em uma demonstração de agilidade rara no Legislativo.
O motim cristalizou no governo a leitura de que Haddad foi traído depois de fechar um acordo. Nas semanas anteriores, o ministro da Fazenda vinha sendo criticado pela forma como conduziu as discussões sobre os impostos.
A constatação foi de que o Planalto não pode contar com o Congresso Nacional. Reservadamente, alguns governistas mais irritados com a situação dizem que não vai ser possível aprovar mais nada no Legislativo ou que a coalizão impede a concretização de um plano de governo humanista e desenvolvimentista, como planejaria o presidente.
Ainda que a ideia seja fazer um enfrentamento público de ideias com as principais forças políticas do Congresso, há uma preocupação da cúpula do governo em não causar um rompimento político definitivo. Por isso, alguns aliados de Lula deverão ficar fora do embate retórico para manter condições de conversar com Motta, Alcolumbre e outros líderes do Legislativo.
A possibilidade de a disputa narrativa degradar ainda mais a relação entre Executivo e Legislativo preocupa especialmente petistas do Congresso e ligados à articulação política do governo.
Parte deles ainda é assombrado pelo fantasma do impeachment de Dilma Rousseff (PT), efetuado em 2016 depois de o governo da petista perder condições de negociar com deputados e senadores.
A frustração governista é especialmente grande com Motta. Ele foi eleito presidente da Câmara no início deste ano com apoio do PT e com o ok do Planalto.
Motta, porém, também foi apoiado pelo centrão e pela oposição bolsonarista. Ele tem sido pressionado por deputados por não estar sendo capaz de destravar o pagamento de emendas parlamentares, alvo de restrições impostas pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Flávio Dino.
Governistas avaliam que Motta sofre influência excessiva de políticos como os ex-presidentes da Câmara Arthur Lira (PP-AL) e Eduardo Cunha, além do presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), e de Alcolumbre.
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Aliados apontam o debate do IOF como um marco para o endurecimento do discurso governista, especialmente depois de a cúpula do Congresso colocar em votação na última semana o projeto que derrubaria as mudanças feitas pelo Executivo sem avisar ao Planalto.
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