Brasil247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (29), durante a 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, em Brasília, que o golpe parlamentar que levou à farsa do impeachment de Dilma Rousseff representou não apenas a derrubada da primeira mulher eleita para governar o país, mas também uma tentativa de silenciar milhões de brasileiras.

A fala ocorreu no evento que marca a retomada das conferências nacionais dedicadas às políticas públicas voltadas às mulheres, após uma década de interrupção.

Democracia e participação popular

Em sua fala, Lula destacou a importância das conferências como instrumento de fortalecimento democrático. “As conferências significam a primeira demonstração de que democracia não é apenas votar. Além de votar, o povo precisa fiscalizar, propor e ajudar a fazer”, afirmou, reforçando que a participação popular é essencial para consolidar avanços sociais.

O presidente relembrou ainda sua trajetória junto às trabalhadoras metalúrgicas nos anos 1970, destacando que a luta pela igualdade salarial entre homens e mulheres permanece atual. “Dentro das fábricas, as mulheres ganhavam metade do que ganhava o homem exercendo a mesma função. A briga não é nova. É antiga”, declarou.

Homenagens pessoais e memória afetiva

Lula também emocionou o público ao lembrar da importância de mulheres em sua vida pessoal, como sua mãe, dona Lindu, e suas companheiras Lourdes, Marisa Letícia e Rosângela da Silva, a primeira-dama Janja. Ao citar a atual esposa, o presidente disse em tom bem-humorado: “Obrigado, Janjinha, por você ter nascido e ter conhecido essa pérola de homem que você encontrou para casar. É a mulher mais bem casada do planeta Terra”.

Retrocessos e reconstrução de políticas públicas

Na avaliação do presidente, os últimos dez anos foram marcados por retrocessos nas conquistas femininas. Ele lembrou que estruturas de proteção foram desmontadas e discursos de ódio direcionados às mulheres se intensificaram.

“Foi também a tentativa de calar milhões de vozes femininas, porque o autoritarismo não apenas odeia, mas teme as mulheres”, disse Lula ao se referir ao golpe contra Dilma Rousseff.

O presidente ressaltou medidas recentes de seu governo, como a recriação do Ministério das Mulheres, a aprovação da lei da igualdade salarial, programas de combate ao feminicídio e políticas de inclusão social. Citou ainda iniciativas como o programa de dignidade menstrual, que garante acesso gratuito a absorventes.

Desafios e futuro feminino

Apesar dos avanços, Lula reconheceu que a desigualdade de gênero ainda impõe barreiras, sobretudo às mulheres negras, indígenas, trabalhadoras do campo e mães solo. Ele defendeu a necessidade de políticas públicas transversais e inclusivas.

Encerrando seu discurso, o presidente citou uma frase recorrente da primeira-dama: “O futuro da humanidade é feminino. Portanto, se preparem. Mais dia, menos dia, vocês vão estar governando este planeta”.