CASO COVAXIN
 
O deputado Luis Miranda (DEM-DF) afirmou, na manhã desta terça-feira (20), que o seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, não possui mais o aparelho de celular que usou nas conversas em que ele alega ter sido pressionado para acelerar a compra da vacina indiana Covaxin. A denúncia foi feita pelos irmãos e reforçada na CPI da Covid, no mês passado.


O parlamentar disse que trechos do depoimento do seu irmão à Polícia Federal, na última quarta-feira (14), estão sendo vazados à imprensa para gerar confusão e que as falas estão sendo retiradas de contexto. Ele justificou que, apesar de seu irmão não possuir mais o aparelho original, é possível, nas investigações, investigar os outros dispositivos que se comunicaram com ele.


“Ele tem os prints, as conversas, os áudios e na época ele encaminhou tudo. Vale ressaltar que ele não tem o aparelho que originou as trocas de mensagens que o pressionavam, aquela pressão atípica que ele não recebeu em outros contratos. Mas isso não é crime, eu posso ser um patrão chato e pressionar meus funcionários. O crime está na improbidade administrativa, o crime está na corrupção, se existe, obviamente. É querer pagar uma empresa em um paraíso fiscal que não está no contrato, que em momento nenhum foi citada”, disse Luis Miranda em entrevista ao portal UOL.


O parlamentar afirma que vê, claramente, um crime de improbidade administrativa no caso da Covaxin. “O crime está aí. E para identificar esse crime, independe de ter o aparelho original que trocou as mensagens com pressão ou não. Então isso é uma cortina de fumaça”. Seu irmão teria trocado de aparelho, segundo Miranda, logo após o encontro com Bolsonaro, o que não configura destruição de provas, pois ainda não havia investigação em andamento.


“O aparelho do Luis Ricardo não existe aqui, mas existe o aparelho do Roberto Dias do outro lado, que no momento em que esse aparelho não foi trocado antes de ser acionado na investigação, a partir do momento que há a prova, é destruição de provas”, disse.


E continuou: “O meu irmão trocou um pouco depois de ter ido no presidente. Comprou um aparelho novo, fez todo um backup. Na opinião dele, fazer o backup era dar print, guardar os documentos, ele não tinha noção de que tinha que guardar o aparelho original para validar se aquela mensagem saiu ou não do aparelho dele. Mas em uma investigação, você consegue validar pela outra ponta”, argumentou.


O deputado, por sua vez, afirma ter as conversas das quais participou. Ele ainda afirmou que seu irmão não foi questionado, no depoimento, sobre invoices (notas fiscais) da vacina indiana e nem sobre a existência de uma gravação da reunião com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).


Miranda revelou que, na PF, seu irmão depôs apenas para o delegado responsável pela investigação, sem a presença de terceiros. O servidor, segundo ele, só foi questionado sobre o encontro com Bolsonaro após quatro horas de depoimento.


O delegado teria anotado nomes de empresas e de funcionários que estariam fazendo pressão pela compra da Covaxin, entre eles o de Roberto Dias — denunciado posteriormente por supostamente pedir propina na negociação — e o do coronel Marcelo Bento Pires, subordinado a Elcio Franco.