O ex-prefeito relatou que estão ocorrendo conversas entre as duas siglas, mas ressaltou que uma eventual aliança só será feita após uma consulta ampla ao seu partido


Em 2003, quando assumiu o Ministério da Integração Nacional de Luiz Inácio Lula da Silva, Ciro convidou Lacerda para ocupar seu primeiro cargo público(foto: Regis Souto / Divulgação)
São Paulo - Pré-candidato ao governo de Minas Gerais pelo PSB, o ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda pode deixar a disputa para ser candidato a vice-presidente na chapa de Ciro Gomes (PDT). Essa possibilidade passou a ser discutida nos últimos dias por líderes dos dois partidos.

“Não descarto a possibilidade de ser vice do Ciro, mas não deixei a pré-campanha em Minas Gerais. Fiquei honrado com a lembrança. Se houver uma composição PDT-PSB, ela será em torno de princípios”, afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo.

O ex-prefeito relatou que estão ocorrendo conversas entre as duas siglas, mas ressaltou que uma eventual aliança só será feita após uma consulta ampla ao seu partido. “Há uma simpatia no PSB pela aproximação com o PDT”, disse Lacerda.
Em entrevista recente ao Estado, Ciro afirmou que gostaria de um nome da “produção” e do Sudeste para ser vice em sua chapa. Na ocasião, citou o empresário mineiro Josué Gomes (PR), presidente da Coteminas. A conversa, porém, não avançou. Na semana passada, o Estado revelou que Benjamin Steinbruch, da CSN e vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), filiou-se ao PP e passou a ser cotado para a vaga.

Uma aliança com PSB, porém, é vista como prioritária no entorno de Ciro. Esse cenário ganhou força após a desistência do ex-ministro Joaquim Barbosa (PSB) de disputar à Presidência da República.

Convite

A relação entre Ciro e Marcio Lacerda precede a eleição. Em 2003, quando assumiu o Ministério da Integração Nacional de Luiz Inácio Lula da Silva, Ciro convidou Lacerda para ocupar seu primeiro cargo público: o de secretário executivo na pasta.

Cinco anos depois, em 2008, Lacerda foi o candidato do PSB à prefeitura de Belo Horizonte após uma articulação que envolveu o então governador, Aécio Neves (PSDB), e Lula, mas que passou também por Ciro. O ex-ministro foi até a capital mineira ajudar na primeira campanha do amigo.

Segundo lideranças do PSB, o partido trabalha com três cenários na eleição deste ano. A ideia de apoiar Ciro ganha força, mas há um setor que defende a neutralidade na campanha presidencial. Uma terceira corrente prega uma aliança nacional com o PT na disputa presidencial, o que implica apoiar a pré-campanha de Lula, que está preso.

Local Em outra frente, o PT de Minas Gerais tenta convencer Lacerda a ser candidato a vice na chapa do governador Fernando Pimentel, que disputa a reeleição. O petista admitiu ontem em Recife que o PSB pode compor a chapa majoritária com o PT na eleição estadual em Minas.

“O PSB é um partido importante e no caso de Minas tem uma liderança popular muito reconhecida que é o ex-prefeito Márcio Lacerda”, disse Pimentel na capital pernambucana após participar de um encontro com governadores do Nordeste.

Depuração

Ciro desconversou ontem (18) em Fortaleza quando foi questionado sobre as articulações para definir o nome de seu vice. “Isso vai acontecer a partir de junho, quando começamos a preparar as convenções de julho e agosto.”

Sobre o cenário eleitoral, o pedetista prevê uma redução no número de candidatos à Presidência no primeiro turno.

Ciro acredita que cerca de 15 pré-candidatos ao Palácio do Planalto chegarão na reta final em outubro deste ano. “Acho que, assim como Joaquim Barbosa, outros pré-candidatos sairão. Não haverá 23 candidatos, como hoje se menciona. No mínimo, uns 15”, disse.

O presidenciável concedeu entrevista coletiva no 60.º Congresso Nacional de Hotéis, na capital cearense. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

(Pedro Venceslau. Colaboraram Lauriberto Braga e Anderson Bandeira)