Um grupo de juristas protocolou, na tarde desta quarta-feira (8/12), novo pedido de impeachment contra o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL) com base no relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, realizada este ano no Senado Federal. O documento é assinado por 17 juristas e um médico.

“A apresentação desse pedido de impeachment é uma consequência obrigatória do exame que realizamos sobre todas as provas coligidas (coletadas) pela CPI, que realizou um trabalho extraordinário de investigação, de persecução”, justificou Miguel Reale Júnior, ex-ministro da Justiça no governo de Fernando Henrique Cardoso.

"O quadro geral é extremamente preocupante, porque demonstra que o que ocorreu neste país ao longo de quase dois anos é um imenso descaso para com a vida, a saúde e desrespeito de tantos que perderam seus parentes, seus amigos. É o conjunto da obra que está relatada aqui", pontuou.

Ele criticou o comportamento do presidente Bolsonaro durante a pandemia. “Quando foi apresentado o número de mortos, ele disse ‘e daí?’. Esse ‘e daí’ dói na minha consciência até hoje. É um desprezo e afronta à vida”, ressaltou.

Entre os signatários está outro ex-ministro da Justiça do governo FHC, José Carlos Dias, e o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo, Antônio Claudio Mariz de Oliveira.

Estiveram presentes na apresentação do novo pedido os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Renan Calheiros (MDB-AL) e Omar Aziz (PSD-AM), que integraram a direção da CPI e que compõem o Observatório da Pandemia.

Miguel Reale Júnior disse não saber se o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), dará prosseguimento ao pedido, mas afirmou que a história cobrará aqueles que forem omissos. “Não nos cabe saber se o presidente da Câmara vai aceitar ou não. Cada um compõe a sua história. Nós estamos compondo a nossa. Agora, os outros que querem compor a história com omissões serão cobrados futuramente”, declarou o ex-ministro.

Esse já é o 142º pedido de impeachment contra Bolsonaro protocolado na Câmara. Até hoje, Arthur Lira, que é aliado do governo, não deu prosseguimento a nenhum deles.