Ministro da Segurança Pública concedeu entrevista coletiva pela primeira vez desde que assumiu a pasta. Aos jornalistas, afirmou que a Lava Jato 'continua sendo prioridade'.

Por Bernardo Caram, Gustavo Garcia e Gabriel Palma, G1 e TV Globo, Brasília

O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou nesta quarta-feira (28) que orientou o novo diretor da Polícia Federal, Rogério Galloro, a combater a corrupção. Ele ressaltou que a Operação Lava Jato "continua sendo prioridade".

Em entrevista coletiva, a primeira que concedeu desde que foi anunciado para o comando da Segurança Pública, Jungmann foi questionado sobre qual ordem teria dado a Galloro assim que decidiu pela nomeação.

"Combata o crime, combata a corrupção", respondeu o ministro.

Sobre a Lava Jato, Jungmann disse que a operação terá todo o apoio do governo, enfatizando que todas as necessidades da Polícia Federal serão atendidas.

"A Operação Lava Jato continua sendo uma prioridade" , afirmou Jungmann.

"A determinação é que a Lava Jato terá todo nosso apoio e as necessidades no âmbito da PF serão atendidas. [...] É importante que assim seja, pelo que ela trouxe e vem trazendo de resultado, juntamente com muitas outras operações", disse.

O ministro também afirmou reforçará as equipes da PF responsáveis pelo combate à corrupção, com a realocação de 20 delegados para essa finalidade. Jungmann disse que essa área da corporação tem tido "uma grande demanda".

Questionado sobre se esse número é suficiente, Jungmann disse que, no cenário atual, "o deslocamento de 20 delegados pode ser aceitável".

"O combate à corrupção e à criminalidade não são excludentes. São prioridades, ambos são essenciais para a garantia e a manutenção da ordem", acrescentou o ministro.

Troca no comando da PF

Jungmann também falou sobre a decisão de demitir o então diretor-geral da PF Fernando Segovia e de nomear Rogério Galloro, que estava no comando da Secretaria Nacional de Justiça, para o seu lugar.

Antes de assumir a secretaria, Galloro era o número 2 na hierarquia da Polícia Federal na gestão de Leandro Daiello, antecessor de Fernando Segovia.

O nome de Galloro para o comando da PF já havia sido sugerido ao presidente Michel Temer pelo ministro da Justiça, Torquato Jardim. Ele, porém, foi preterido, e Temer decidiu nomear Segovia.

"Eu, ao receber o convite do presidente [para assumir o ministério], em primeiro lugar, decidi, como os senhores sabem, que estaria encerrando minha vida política em termos eleitorais pois queria me dedicar inteiramente a essa tarefa. Solicitei liberdade ao presidente pra formar minha equipe. O tempo é curto, a caminhada é árdua, e eu acho que como primeiro ministro da Segurança preciso dessa liberdade", narrou Jungmann.

"Conheço Galloro há muito tempo. Foi nosso companheiro em encontros internacionais, eu na Defesa, ele na PF, nós tivemos, praticamente em todos países, um convívio extremamente rico nas Olimpíadas. [...] Surgiu uma admiração, amizade, e eu preciso disso. Por isso foi feita essa substituição", concluiu.

Questionado sobre se pretende fazer trocas no restante da direção da PF, bem como nas superintendências regionais, Jungmann respondeu: "Mudanças no âmbito da Polícia Federal, espero receber, se for o caso, as indicações do senhor Galloro e analisarei. Em conjunto com ele tomaremos as decisões, se for o caso".

Questionado sobre se as declarações de Fernando Segovia foram determinantes para a decisão de trocar o comando da Polícia Federal, Jungmann disse que não vai “fazer julgamento do antecessor”.

O ministro ressaltou que quem trabalha com ele tem direito de falar sobre assuntos relacionados às suas atribuições.

"Quem trabalha comigo tem a minha confiança. Portanto, com base nessa confiança e a respeito da matéria, do assunto que é afeto às suas atribuições, tem pleno direito de falar. A base da relação da constituição de uma equipe é competência, confiança, e lealdade. E os que estão comigo têm esses três requisitos", disse.

Contratação de novos policiais

Durante a entrevista, o ministro Raul Jungmann relatou que foi autorizado pelo governo federal a contratar 1 mil novos policias federais e rodoviários federais.

Ele disse ainda que, entre as suas primeiras ações à frente da pasta da Segurança, acionou o Ministério do Planejamento para buscar garantias para a realização do trabalho.

“Entramos em contato com o Ministério do Planejamento e ficou definido que teremos zero contingenciamento dos recursos do ministério de Segurança Pública neste ano”, disse o ministro.

“Sobre a necessidade e urgência de reforçar recursos humanos, especialmente na Polícia Federal e na Polícia Rodoviária Federal, estamos autorizados a fazer concursos, com 500 novos agentes para a Polícia Federal e 500 novos agentes na Polícia Rodoviária Federal”, completou.