ALMG

Após utilizar o recesso parlamentar para aparar arestas com deputados da base, o governo Romeu Zema (Novo) bateu o martelo por João Magalhães (MDB) como novo líder na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Apesar da ausência do presidente Tadeu Martins Leite (MDB), o Tadeuzinho, O TEMPO apurou que a indicação deve ser encaminhada à Casa nos próximos dias, já que, para a oficialização, ela deve ser lida em plenário pela Mesa Diretora. 

O convite foi feito a Magalhães e aceito nesta quarta-feira (2/8). À frente do terceiro mandato, o emedebista substitui o secretário de Governo, Gustavo Valadares (PMN), que é o principal fiador da indicação do até então presidente da Comissão de Administração Pública. Valadares, inclusive, já comunicou a decisão às outras lideranças do Palácio Tiradentes na ALMG.

O primeiro desafio de Magalhães será justamente superar a resistência de parte da base do governo. Quando foi empossado como secretário, Valadares recebeu, no mesmo dia, 12 deputados, que defenderam a indicação de um líder “100% alinhado” ao governo, o que, segundo eles, não seria o caso do emedebista. Então, o secretário admitiu que o nome de Magalhães estava sobre a mesa, mas que, naquele momento, nada estava definido.

O voto favorável de Magalhães à emenda proposta pelo deputado Sargento Rodrigues (PL) para autorizar o governo a dar uma recomposição inflacionária de 35,44% às forças de segurança pública é um dos episódios lembrados. À época, ele, encarregado pelo voto de minerva enquanto presidente da Comissão de Administração Pública, desempatou a votação a favor de Rodrigues, autorizando a emenda a chegar a plenário, onde, no final das contas, votou contra.

Após a votação, Magalhães explicou tanto para o então secretário Igor Eto (Novo) quanto para Valadares que havia se confundido, já que, durante a discussão, um dos membros da comissão que estava ao seu lado foi trocado. A assinatura do deputado em outra emenda de Rodrigues, que, por sua vez, autorizava o governo a estender o reajuste de 12,84% da educação básica às forças de segurança também é citada. Apesar da assinatura, ele novamente votou contra em plenário.    

A indicação de Magalhães também é vista com receio, porque, para alguns, fortalece o MDB, que, a propósito, compôs a chapa encabeçada por Zema à reeleição. Magalhães e o presidente Tadeu Martins Leite (MDB), o Tadeuzinho, são os únicos emedebistas eleitos. Enquanto um é presidente, o outro, agora, é líder de governo. O argumento é que a capacidade de influência daria fôlego ao MDB para se reabilitar para as eleições de 2026, por exemplo. 

Por outro lado, justamente a proximidade de Magalhães a Tadeuzinho, que, enquanto presidente, é quem define o que é pautado, teria sido um dos critérios levados em consideração por Valadares para indicá-lo para a liderança de governo. Inclusive, o secretário de Governo chegou a sondar Tadeuzinho sobre a indicação de Magalhães. O novo líder é o deputado mais próximo ao presidente, que lhe chama de “padrinho”. 

Se enfrenta resistência de parte da base, o nome de Magalhães é bem recebido pelo bloco de oposição a Zema, com quem o novo líder de governo tem bom trânsito, que teria sido outro ponto pesado por Valadares para a escolha. De forma reservada, oposicionistas elogiam a condução da Comissão de Administração Pública, onde, como lembram, Magalhães não impediu a postura de obstrução do bloco nem a realização de audiências públicas para discutir pautas caras à oposição. 

A todo momento a disputa pela liderança de governo esteve longe de ter uma unanimidade. A princípio, o nome do líder do bloco de governo, Cássio Soares (PSD), chegou a ser apontado por alguns pares como sucessor natural de Valadares, mas ele, assim como Magalhães, não é visto como alguém “100% alinhado” a Zema. Vez ou outra deputados lembram que, na última legislatura, quando relatou a CPI dos Fura-Filas da Vacinação e presidiu a CPI da Cemig, Cássio fez oposição.

Apesar de parte da base ter demonstrado resistência a Magalhães, não houve coesão em torno de outro nome. Nas últimas semanas, o líder da maioria, Carlos Henrique (Republicanos), o 2º vice-presidente da ALMG, Duarte Bechir (PSD), e Noraldino Júnior (PSC) foram lembrados, mas principalmente a falta de afinidade com a oposição pesou contra.