O ex-ministro e general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz, avalia que a imagem das Forças Armadas fica prejudicada pela política do governo Jair Bolsonaro.

Santos Cruz enfatiza que posições de ministros e autoridades que vêm do mundo militar “não representam a posição das Forças Armadas”, mas admitu que a presença de militares no governo cria confusão.

"É preciso desmanchar isso. Essa confusão de imagem institucional com assuntos de governo. A associação da imagem das Forças Armadas com os assuntos corriqueiros de governo, essas discussões todas de Executivo com STF, não está acontecendo nada de excepcional. Então acho até leviandade associar as Forças Armadas com assuntos que são corriqueiros. O processo democrático é feito desse jogo de pressões. Mas compete somente a eles arrumar uma solução. Essas pessoas (militares que exercem funções no governo) não representam a instituição, não interessa o grau hierárquico. Quem representa politicamente as Forças Armadas é o ministro da Defesa e os comandantes. O pessoal da reserva pode ter a sua opinião, mas não tem nenhuma representatividade institucional", afirmou o ex-ministro em entrevista ao jornal O Globo.

 

O general criticou as declarações do Procurador-Geral da República (PGR), Augusto Aras, sobre o suposto “papel moderador” das Forças Armadas, numa reinterpretação do artigo 142 da Constituição. Segundo ele, é uma “interpretação perigosa, que dá margem para derivações e interpretações por conveniência”.

"Essa interpretação de que Forças Armadas são um poder moderador é completamente equivocada. O nosso elemento moderador é a Constituição federal, não são as Forças Armadas. Essa interpretação é extremamente perigosa, porque ela dá margem até a derivações e interpretações por conveniência etc. Então eu não acho conveniente e acho equivocado esse tipo de interpretação. Causa confusão", afirmou.