RENDA MINAS


Lançado pelo governo de Minas Gerais em setembro e com promessa de iniciar os pagamento em outubro, o programa Renda Minas ainda não cumpriu o prometido. Passadas oito semanas do anúncio, até agora nenhum real chegou ao bolso do público alvo da iniciativa - pessoas em situação de vulnerabilidade financeira. No dia do lançamento, o governador Romeu Zema (Novo) anunciou que a iniciativa seria “o programa social mais audacioso e robusto da história de Minas”.


Sem explicar o motivo do atraso no repasse, ontem a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese) convocou a realização de uma coletiva de imprensa para hoje. A intenção é divulgar um novo calendário do programa, já que as primeiras datas não foram cumpridas. A reportagem de O TEMPO solicitou informações, mas a Sedese respondeu que somente iria se pronunciar hoje.

No evento, a Sedese vai informar que as novas datas de pagamento agora passam para novembro e dezembro. A pasta ainda não explicou como garante que não haverá novo atraso. Enquanto isso, a população que contava com o auxílio segue em estado de espera.

Durante o anúncio inaugural do programa, em 11 de setembro, foi informado que o Renda Minas daria benefícios individuais de R$ 39 a pessoas em situação de extrema pobreza. A estimativa era atender até 2,8 milhões de mineiros e mineiras, destinando, em média, R$ 117 a cada uma das cerca de 977 mil famílias aptas a receber a ajuda. O investimento total, ainda segundo o governo estadual, seria de R$ 727 milhões.

Zema também havia comemorado a possibilidade de complementar o valor do auxílio emergencial do governo federal com essa quantia dos cofres estaduais. “Fico muito satisfeito de estarmos fazendo esta ação no momento em que as famílias estão deixando de receber o valor total do auxílio emergencial”, disse o governador na ocasião.

O atraso no pagamento, no entanto, reflete a desorganização do governo estadual no enfrentamento da pandemia, segundo avaliação de Débora Freire, especialista em desigualdade e desenvolvimento regional. “O programa já foi anunciado de uma forma muito estranha, pois Minas está numa crise fiscal muito expressiva”, disse. “O valor do auxílio é baixo e não resulta em tantos efeitos assim, mas anunciar e não cumprir é um grande problema. Foi uma proposta feita de forma precipitada”, completou a professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Segundo a especialista, um caminho mais eficiente a ser trilhado pelo governo mineiro seria pressionar o governo federal a investir em algum programa social mais robusto para 2021, já que o auxílio emergencial foi reduzido de R$ 600 para R$ 300 e tem validade até dezembro. “A falta de perspectiva das famílias para o próximo ano é muito séria. O que vai acontecer com essas famílias que não vão conseguir voltar para os seus empregos?”, questiona Débora.