O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve cobrar a conta de partidos que integram a base e têm deputados que assinaram o pedido de impeachment do petista, articulado pela oposição. A reação foi tratada em reunião do líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), com outros nomes que integram o comando da base. 

"Formou-se um consenso entre nós de que é incompatível o parlamentar ser da base do governo, ter relação com o governo e assinar pedido de impeachment. Isso não é razoável e a minha posição é encaminhar a lista desses parlamentares para que o governo tome providências", afirmou Guimarães pelo X (antigo Twitter).

Das 140 assinaturas que a oposição contabiliza no pedido de impeachment, há 47 rubricas do PP, do Republicanos, do União Brasil, do PSD e do MDB. Juntos, os cinco partidos comandam 11 dos 38 ministérios totais de Lula. O PSD tem três cadeiras no primeiro escalão desde o início do governo Lula: Carlos Fávaro na Agricultura; André de Paula na Pesca; e Alexandre Silveira em Minas e Energia.

O União Brasil tem a mesma quantidade. Juscelino Filho e Waldez Góes, das Comunicações e Integração e Desenvolvimento Regional, respectivamente, estão nos cargos desde janeiro de 2023. Já a pasta do Turismo começou sob o comando de Daniella Carneiro, mas passou para Celso Sabino em uma disputa interna do partido.

Também com três ministérios, o MDB comanda, desde o início do governo, as pastas de Transportes, com Renan Filho; das Cidades, com Jader Filho; e do Planejamento, com Simone Tebet.

Já o PP e o Republicanos entraram no governo em setembro, em uma negociação direta do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). A troca foi aceita por Lula, que esperava ter maior apoio na aprovação de projetos de interesse do governo na Câmara.

Na ocasião, Silvio Costa Filho, do Republicanos, assumiu o Ministério de Portos e Aeroportos, enquanto André Fufuca, do PP, ficou com o comando da pasta do Esporte. Apesar da presença no governo, esses dois partidos permaneceram "rachados" no Congresso Nacional, com parlamentares que se dividiram entre apoio e oposição a Lula.

Além das cadeiras na Esplanada, esses partidos negociaram outros pleitos para estarem na base de Lula, como cargos que não são no primeiro escalão. A possível reação do governo já repercute, inclusive, entre os líderes dos quatro partidos que são alvo.

O pedido de impeachment de Lula foi protocolado na última quinta-feira (22) e mira a comparação de Lula entre os ataques de Israel na Faixa de Gaza, em meio à guerra contra o Hamas, ao Holocausto, que foi a perseguição e o assassinato de judeus na Alemanha nazista por Adolf Hitler.