O senador Flávio Bolsonaro comprou a casa milionária em Brasília do namorado de uma juíza que trabalhou com um dos ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que votou pela anulação das provas contra ele no caso das rachadinhas.

Trata-se do ministro bolsonarista João Otávio de Noronha, presidente do STJ entre 2018 e 2020, aliado de Jair Bolsonaro. Seu voto pró-Flávio acabou barrando o julgamento do caso na Corte.

Ele foi assessorado pela juíza Cláudia Silvia de Andrade, namorada do empresário Juscelino Sarkis, que vendeu a casa para o senador. As revelações foram feitas pelo Jornal Nacional nesta quarta-feira, 3.

A compra da mansão ocorreu uma semana após o parlamentar anular no Superior Tribunal de Justiça (STJ) as quebras de sigilo bancário e fiscal do inquérito da rachadinha, no qual ele é investigado por enriquecimento ilícito.

No processo da rachadinha, o Ministério Público do Rio de Janeiro o acusa de desviar R$ 6,1 milhões dos cofres públicos, através do desvio de salários de ex-assessores fantasmas quando era deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). 


Os promotores destacam, ainda, que, entre 2010 e 2017, o então deputado estadual lucrou R$ 3 milhões em transações imobiliárias com “suspeitas de subfaturamento nas compras e superfaturamento nas vendas”.

Pagamentos não batem
Os pagamentos do senador pela mansão de R$ 5,97 milhões em Brasília não batem com a escritura de venda, como revelou, nesta quarta-feira, 3, o portal O Antagonista. 

Segundo os registros da transação, fornecidos pelo próprio vendedor do imóvel de luxo, Juscelino Sarkis, Flávio fez a primeira TED em 20 de novembro do ano passado, no valor de R$ 200 mil. Em 9 de dezembro, ele transferiu outros R$ 300 mil e, no dia seguinte, mais R$ 590 mil.