Do UOL, em São Paulo

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato na Corte, revelou à GloboNews que ele e sua família têm recebido ameaças. Fachin afirmou que pediu providências à PF (Polícia Federal) e também à presidente da Corte, Cármen Lúcia.

"Nos dias atuais, uma das preocupações que tenho não é só com julgamentos, mas também com a segurança de membros de minha família. Tenho tratado deste tema e de ameaças que têm sido dirigidas a membros de minha família. Algumas providências que eu solicitei à presidente e também à Polícia Federal, por intermédio da delegada que trabalha aqui no Tribunal, já estão sendo adotadas", disse Fachin em entrevista ao Programa Roberto D'Ávila.

"Nem todos os instrumentos ainda foram agilizados, mas eu efetivamente ando preocupado com isso, e esperando que não troquemos a fechadura de uma porta já arrombada também nesse tema", afirmou ainda o magistrado. A entrevista irá ao ar na íntegra às 21h30 desta quarta, e a Globonews e a TV Globo apresentaram trechos na tarde de hoje.

Nos trechos exibidos até agora, o ministro não informa desde quando vem sofrendo as ameaças, nem por quais canais isso ocorreu.

O UOL apurou que Fachin realmente falou sobre o assunto com Cármen Lúcia, mas que ainda aguarda respostas sobre quais providências estão sendo tomadas.

Relator da Lava Jato no STF

Fachin foi sorteado relator da Lava Jato no STF para substituir o ministro Teori Zavascki, morto em um acidente de avião em janeiro de 2017.

Ele foi indicado ao Supremo em 2015 pela então presidente Dilma Rousseff (PT), quando chegou a receber ataques por ser visto como um jurista progressista, próximo ao PT e a movimentos sociais.

No mês passado, Fachin rejeitou o pedido liminar de habeas corpus impetrado pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para evitar a prisão do petista, condenado em segunda instância por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex. O ministro decidiu, no entanto, remeter o caso para análise de todo o plenário, composto por 11 magistrados.

O caso foi colocado na pauta do Supremo pela ministra Cármen Lúcia na última quinta-feira (22). O julgamento se estendeu devido a uma questão preliminar apresentada por Fachin, que votou pelo não conhecimento do habeas corpus –ou seja, para que o pedido sequer fosse analisado pela Corte. A preliminar foi rejeitada por 7 votos a 4.

Pelo avançar do horário, os ministros votaram então pela concessão de uma liminar ao ex-presidente para que o petista não seja preso até o dia 4 de abril, quando serão retomados os trabalhos no Supremo.

Nos trechos exibidos pela TV Globo e pela GloboNews, Fachin não faz qualquer relação entre as ameaças sofridas e o processo do ex-presidente Lula.