PANDEMIA
 
Três dias após o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) anunciar estar infectado pela Covid-19, na última sexta-feira (24), a mulher do parlamentar, Heloísa Bolsonaro, confirmou, pelas redes sociais, que ela e a filha, de 11 meses, também testaram positivo para a doença.
"No primeiro dia ficamos mal, agora graças a Deus estamos bem. Eu senti muita dor de cabeça, dor no corpo todo, muita coriza,

secreção, espirros", contou, após confirmar a um seguidor o contágio. "Duda foi igual", disse, ao se referir ao marido. De acordo com a mulher, essa é a segunda vez que ela é infectada pelo vírus, enquanto o marido vive o primeiro contágio.


A filha do casal, Geórgia, teve febre e coriza, mas agora apresenta melhora nos sintomas. "Graças a Deus não teve mais febre e está super disposta, se alimentando e brincando. O tratamento para ela é sintomático. Novalgina para a febre, um antialérgico para aliviar a coriza e secreção e bastante lavagem nasal", contou.

 
Na primeira resposta de Heloísa, ela afirmou ter tomado um "medicamento" que a ajudou a melhorar instantaneamente. Um seguidor a questionou qual era a medicação e ela confirmou o uso de três remédios comprovadamente ineficazes para combater a Covid-19.


"Tomei ivtna (ivermectina), azcn (azitromicina), mas o que tirou todos meus sintomas com a mão, em menos de 1hr, foi a hdxclqna (hidroxicloroquina). Da outra vez eu estava grávida e não tomei. Dessa vez sim e tô impressionada", escreveu na postagem em que respondia o seguidor.


É provável que a abreviação do nome das medicações trata-se de uma estratégia para que a rede social utilizada por Heloísa, Instagram, não barre o conteúdo postado. Desde abril deste ano, tanto o Instagram quanto o Facebook criaram um rótulo para postagens que discutem tratamentos para Covid-19. Posts e stories com tais informações são acompanhados das frases "Alguns tratamentos de Covid-19 não aprovados podem causar danos graves" e um link para a Central de Informações sobre a doença feita pelas plataformas.


Os remédios citados por Heloísa fazem parte do chamado "kit Covid", que está em evidência desde a última semana, quando a Prevent Senior se tornou alvo da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. O plano de saúde é suspeito de desenvolver um estudo clandestino sem autorização de agências sanitárias e dos próprios pacientes para comprovar a suposta eficácia das medicações.


De acordo com um dossiê feito por médicos e ex-médicos da empresa, a Prevent chegou a modificar prontuários e esconder as causas das mortes por Covid para validar a medicação. Em março deste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que a hidroxicloroquina não deveria ser usada como "tratamento precoce" e muito menos para remediar o contágio, pois este remédio aumenta os riscos dos efeitos adversos.


Entre maior e julho de 2020, o governo Bolsonaro, liderado pelo sogro de Heloísa, editou três recomendações pelo Ministério da Saúde para recomendar o uso destes medicamentos. A BBC Brasil, por meio da Lei de Acesso a Informação (LAI) teve acesso às notas e percebeu que a primeira e a terceira citam explicitamente o protocolo adotado pela Prevent Senior como referência.