Após ter anunciado nos bastidores que faria um discurso duro contra Jair Bolsonaro, depois das ameaças do presidente às eleições de 2022, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, abriu os trabalhos do Judiciário nesta segunda-feira (2) com uma fala moderada, sem citar o nome do chefe do Executivo e ficando na defesa genérica da “harmonia entre os poderes” e da democracia.

“A democracia é o exercício da liberdade com responsabilidade. Não há nada automático ou perpétuo. O regime democrático precisa ser continuamente cultivado”, discursou Fux na sessão do Supremo. “No contexto atual, após 30 anos de consolidação democrática, o povo brasileiro jamais aceitaria que qualquer crise, por mais severa, fosse solucionada mediante mecanismos fora dos limites da Constituição”, acrescentou.

Fux, diz que, no futuro, as próximas gerações "saberão perfeitamente a quem referenciar”. “A História nos ensina: a democracia nos liberta do obscurantismo, da intolerância e da inverdade”, afirmou. “Palavras voam. Ações permanecem”.


A abertura do semestre de atividades no Judiciário, após o recesso, acontece no mesmo dia em que todos os 15 ex-presidentes do TSE e o atual, Luís Roberto Barroso, divulgaram nota em defesa do processo eleitoral no Brasil, em resposta a ataques de Bolsonaro à urna eletrônica e em defesa do voto impresso. Os dois - Barroso e Bolsonaro - também têm protagonizado embates públicos.

Fux também citou o combate ao que chamou de “inverdades” por parte do STF, que julga um processo de fake news. “Permanecemos atentos aos ataques de inverdades à honra dos cidadãos que se dedicam à causa pública. Atitudes desse jaez deslegitimam veladamente as instituições do país”.