A mineira de Taiobeiras, município de 35 mil habitantes no Norte de Minas, Edilene Lôbo, chegou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em agosto deste ano com um título a mais além do seu currículo: além de ministra substituta, passou a ser a primeira mulher negra da história a ocupar uma cadeira Corte Eleitoral brasileira, formada majoritariamente por homens e brancos. 

Doutora em processo civil, com larga experiência acadêmica e profissional na área eleitoral, Edilene foi professora convidada da Universidade de Sorbonne, em Paris, dá aulas nas faculdades de direito de Itaúna (MG) e na PUC Minas onde trata de democracia, eleições, e milícias digitais na América Latina. Mas é a sua representatividade como mulher preta em um cargo de poder e decisão que também chama a atenção.

“Eu digo que é muito pesado ser primeiro ou primeira em qualquer lugar, em qualquer situação. Nesse caso, além de ser pesado é também muito lamentável, não pode ser algo inusual que os órgãos, esses espaços, não contem com pessoas como eu”, ressalta a ministra que, apesar do peso de ainda ser uma minoria absoluta, acha importante dar visibilidade a essas conquistas até que elas se tornem, de fato, usuais.

 Em entrevista a O TEMPO, em Brasília, Edilene destacou que, apesar de exaustivo, é importante que o holofote seja também direcionado a esse debate. “Talvez seja um movimento muito recente, que tem rendido frutos de mostrar para a sociedade brasileira: ‘Olha nós temos um povo composto multiculturalmente, nós temos grupos que são maiorias numéricas, mas minorias políticas, e esse quadro tem que mudar’. Então eu começo dizendo, e como professora, acreditando nisso, que o primeiro passo é jogar luz sobre o quadro”.