Mesmo apresentando aqui e ali sintomas de relaxamento, a quarentena é consenso na sociedade brasileira. Não é à toa que mais de 65% dos brasileiros defendem que o comércio deve permanecer fechado durante a pandemia de coronavírus. E só 33% são a favor da reabertura das lojas, diz o Datafolha. Cientes da vontade de seu público em ano eleitoral, governadores e prefeitos abriram mão de prestigiar os comerciantes para reforçar as medidas de isolamento social e proteger a população.

Um dos sinais mais evidentes de que a quarentena venceu é a permanência do ministro Luiz Henrique Mandetta no cargo, apoiado pelos militares e pela cúpula do Congresso. O que levou o próprio presidente da república a render-se – pelo menos temporariamente – à estratégia que tenta reduzir a velocidade  de propagação do vírus, evitando o colapso do sistema de saúde. E mesmo que Bolsonaro venha a insistir em uma possível “flexibilização” da quarentena, dificilmente terá sucesso.

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Ilustração/ Divulgção

 

O caso é que a quarentena venceu porque é espontânea. No Brasil, as pessoas ainda não são presas ou multadas se andarem nas ruas sem destino. A população está se isolando porque quer, porque sabe que, assim, o enfrentamento da pandemia será menos traumatizante. Sendo assim, o comerciante que abrir sua loja não vai ter clientela.

Finalmente, mesmo que alguns cabeçudos encham praças e outros locais públicos em flagrante flerte com perigosas aglomerações – como aconteceu na Lagoa da Pampulha neste fim de semana – estes são uma minoria. E eles perderam.